Um em cada 4 gays e bissexuais tem HIV em SP

Pesquisa revelou que no País um terço dessa população entre 20 e 24 anos está infectada pelo vírus

Publicado em 11/06/2018
Um em cada quatro gays e bissexuais em São Paulo tem HIV
Metade dos entrevistados foi testado pela primeira vez na vida

Estudo realizado com homens que fazem sexo com homens identificou que um quarto deles (24,8%) tem HIV em São Paulo.

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Encomendada pelo Ministério da Saúde e publicada na revista internacional Medicine, a pesquisa foi realizada em 12 capitais brasileiras.

Depois da capital paulista, Recife (21,5%) e Curitiba (20,2%) são as que apresentaram as taxas mais altas de infecção pelo vírus.

Na sequência ficaram Belém (19,2%), Rio (15,3%), Manaus (15,1%), BH (14,5%), Porto Alegre (10,5%), Fortaleza (10%), Campo Grande (9,5%), Salvador (8,6%) e Brasília (5,8%).

Dos entrevistados, 83,1% se declararam gays; 12,9% bissexuais ou heterossexuais e 4% outros. 

O estudo recrutou pessoas (chamadas sementes) para serem entrevistadas e testadas para o HIV duas vezes. Estas, por sua vez, indicavam outras pessoas com perfil parecido. Metade dos homens nunca tinham sido testados na vida.

Ao todo, 4.176 homens foram entrevistados e 3.958 aceitaram ser testados. Destes, 18,4% tiveram resultado reagente (positivo) para HIV. Em uma pesquisa anterior, de 2009, o número de infectados no País era de 12,1%.

Por idade, 58% tinham menos de 25 anos e 42% mais de 25 anos; 59% possuíam ensino médio ou superior incompleto e 11% superior completo; 43% pertenciam à classe C, 41% às classes A e B, e 16%, classes D e E; 83% afirmaram ser solteiros, 10% em união estável com homem, 4% casados e 1% em união estável com mulher.

A pesquisa apontou que entre 15 e 19 anos, a taxa de soropositivos triplicou (de 2,4 para 6,7 casos por 10 mil habitantes). Entre 20 e 24 anos, o índice dobrou (de 15,9 para 33,1 casos por 100 mil). Dados do Ministério da Saúde mostram que só 56,6% dos jovens entre 15 e 24 anos usam camisinha com parceiros eventuais.

Para Lígia Kerr, professora da Universidade Federal do Ceará (UFC) que coordenou ambas as pesquisas, a falta de campanhas preventivas é uma das explicações para o alto número de infecções.

"Foi uma pressão muito grande da bancada conservadora que a gente chama de bala, boi e bíblia. Cartilhas que falavam sobre sexualidade e que já estavam impressas foram proibidas de ser distribuídas nas escolas. Foram proibidas propagandas de TV. É como se a aids tivesse desaparecido", contou à Folha de S. Paulo.

Para a professora, os jovens começam a vida sexual sem nada que lhes lembre da aids. A redução do uso de preservativos e a busca por parceiros em aplicativos de encontros (que pode levar a um número maior de parceiros e relações desprotegidas) também são apontados como corresponsáveis pelos índices alarmantes de contágio pelo vírus.


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