Especialistas em saúde relataram caso de um norte-americano que contraiu HIV durante o uso da profilaxia pré-exposição ao vírus HIV, conhecida como PrEP.
Curta o Guia Gay São Paulo no Facebook
A notícia foi dada durante uma conferência sobre doenças contagiosas realizada em São Francisco, Estados Unidos, no fim de semana passado.
O homem, que mora na Califórnia, era soronegativo e começou a usar a PrEP no fim de 2016.
Ele seguiu os padrões estabelecidos pelos médicos tomando medicamento diariamente e fez testes para HIV três, seis e dez meses depois. Sempre com resultado negativo.
No início deste ano, no entanto, seu teste deu reagente (positivo) para HIV. O norte-americano passou a receber a medicamentos para quem tem HIV e sua carga viral passou a ficar indetectável.
A PrEP consiste no uso diário de dois medicamentos juntos no mesmo comprimido que são conhecidos pelo nome comercial de Truvada. Médicos dizem que a eficácia da PrEP é de cerca de 99% e aconselham que não se dispense o uso do preservativo.
Como o homem contraiu HIV então? Ao realizarem testes, os médicos conseguiram identificar a cepa exata de HIV que ele foi infectado. Era uma cepa bastante resistente ao HIV, comum em quem toma antirretroviral e depois para.
Os médicos descobriram que o paciente foi infectado pelo seu principal parceiro, que era soropositivo, já havia tomado antirretrovirais e estava sem tomá-los. Com isso, a carga viral desse homem estava altíssima. Ele também está bem agora, já que voltou a usar a medicação corretamente.
Este é apenas o terceiro caso de um norte-americano que contrai HIV mesmo fazendo uso da PrEP. Além dos outros dois casos nos Estados Unidos (em Nova York e na Carolina do Norte), há relatos de mais três no mundo: em Toronto, no Canadá, em Amsterdã, na Holanda, e em Sydney, na Austrália - os dois últimos em 2017.
"Sabemos que a PrEP é superior a 99% de eficácia. Existem alguns casos em que o HIV irá quebrar isso", disse o médico Robert Grant, da Universidade da Califórnia.
"Nós só temos um punhado de casos agora, e no próximo ano, nós provavelmente teremos mais alguns. Felizmente, esses casos são detectados cedo, tratados e suprimidos rapidamente. A pessoa passa de tomar uma pílula por dia para uma pílula por dia. A maior diferença é o estigma."