A pandemia pela covid-19 é (ou deveria ser) motivo de preocupação de qualquer pessoa no mundo, mas como estão lidando com a doença os soropositivos para HIV?
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Recente pesquisa da Unaids (braço da Organização das Nações Unidas no combate ao HIV) investiga como os brasileiros portadores do vírus da aids estão enfrentando o novo coronavírus.
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Dos entrevistados, 87% disseram estar em casa cumprindo a quarentena e 13% responderam que não estão ficando em casa.
Tal índice é maior que todos os níveis de reclusão constatado nas unidades da Federação no Brasil na população em geral. Dificilmente há adesão de mais de 50% à quarentena.
Dentre os que disseram que estão saindo à rua, o motivo principal (48,6%) é porque precisam trabalhar e não lhes foram dadas outras opções.
Outros 34,7% daquela parcela disseram que também estão na rua porque necessitam trabalhar e que tiveram receio de expor que são portadores do HIV em seu trabalho.
Responderam que estão na rua porque são responsáveis pelos cuidados com outra pessoa 11,4% dos entrevistados. Uma pequena parcela (2,8%) disse que o motivo é porque são profissionais de saúde e 2,6% elencaram outras razões.
Estão em tratamento com antirretrovirais? Disseram que sim 95,8% e não, 4,2%. Ao todo, 90% afirmou que conseguiu pegar sua medicação normalmente no período de quarentena, já 7% conseguiu, mas com dificuldade (por exemplo, teve de ir mais de uma vez à farmácia porque estava fechada) e outros 3% ainda não conseguiram.
Dentre as pessoas que não estão tomando medicamentos, há inúmeros relatos de quem descobriu ser portador do HIV recentemente e, por causa da pandemia, não consegue acesso a consultas com infectologistas ou exames específicos (como de contagem de CD4) para iniciar o tratamento.
"Estava para início do meu tratamento, com consulta marcada com infectologista para examinar meus exames. E a consulta simplesmente foi cancelada sem aviso prévio, isso me deixou muito triste", disse um jovem, negro, de 28 anos, de São Paulo.
"Descobri que estou com o vírus no meio da pandemia e não tem infectologistas disponíveis para me atender. Queria começar o tratamento logo", comentou um morador de Uberlândia (MG), branco, de 31 anos.
Ao todo, 66,7% disseram ter percebido alteração em seu humor ou comportamentos por causa da pandemia e 50,4% acredita que necessita de apoio psicológico para lidar com a ansiedade gerada pela covid-19.
Foram entrevistadas 2.893 pessoas, de todas as regiões brasileiras, entre 27 e 31 de março.