Há exatos 40 anos, o Centro para Controle de Doenças (CDC, na sigla em inglês), dos Estados Unidos, reportava rara infecção nos pulmões em cinco homens brancos e gays de Los Angeles.
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O imunologista Michael Gottlieb e seus colegas escreveram no Relatório Semanal de Morbidez e Mortalidade que os cinco homens contraíram pneumonia por Pneumocystis carinii e que possuíam outras infecções incomuns, o que indicava que o sistema imunológico deles não estava funcionando.
Quando o artigo foi publicado, dois dos homens já haviam morrido e outros três morreriam em breve.
Cinco de junho de 1981. Esta é data que ficaria conhecida como o primeiro relatório da existência da doença que mais tarde receberia o nome de Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids, na sigla em inglês).
De lá para cá, quase 34 milhões de pessoas em todos os continentes já morreram vítimas da aids. Em 1996, o chamado "coquetel" - esquema de antirretrovirais com dois inibidores de transcriptase reversa e um de protease - passou a controlar a doença.
Ainda assim, milhares de pessoas continuam morrendo anualmente, em especial, por não tomarem as medicações ou não seguir o tratamento à risca, o que pode criar resistência aos remédios.
A doença foi chamada durante anos de "câncer gay" por ter surgido dentre homossexuais e ser mais facilmente transmissível pelo sexo anal do que pelo sexo vaginal.
Todos - homens ou mulheres, cisgênero ou transgênero, gays, bi ou héteros - estão à mercê de contrair o vírus, que pode ser transmitido por relação sexual desprotegida, compartilhamento de seringas e transfusão de sangue.
Beijos, lágrimas, suor, saliva, espirros, picadas de insetos, uso de banheiros sanitários ou objetos, como talheres, não transmitem o HIV.
Em 1982, houve o primeiro relato oficial da infecção no Brasil. Um ano depois, o estilista Markito foi a primeira celebridade brasileira a falecer por complicações da aids.
Por causa do estigma, com o tempo deixou-se de usar o termo "grupo de risco" para designar populações mais vulneráveis ao vírus.
Ainda assim, homens gays e bissexuais proporcionamente sempre tiveram mais incidência do vírus.
Dados do Ministério da Saúde apontam que a prevalência do HIV na população em geral é de 0,4%. No entanto, dentre gays e bissexuais, pesquisa de 2018 revelou que a prevalência é de 24,8% em São Paulo; 21,5% no Recife; 20,2 em Curitiba; 15,3% no Rio de Janeiro; 14,5% em Belo Horizonte e 10,5% em Porto Alegre, para citar algumas capitais.
É imensurável o tamanho da perda que a doença causou à comunidade gay no Ocidente. Nas artes, área que desde a Antiguidade sempre rendeu grandes expoentes homossexuais, fica nítida a devastação.
Nessa data, é hora de lembrar de quem nos foi tirado por essa doença e nos fortalecer pelo direito à saúde e à vida!