Tanto o preconceito quanto a inclusão podem começar pela linguagem, já que ela é o canal de relacionamento entre as pessoas. Por isso, atualmente, muitas empresas, organizações e instituições estão repensando a forma de se comunicar, a fim de promover uma sociedade mais inclusiva.
Uma dessas iniciativas é a o guia “Orientações para a inclusão linguística de pessoas trans”, lançado pelo aplicativo de idiomas Babbel, que é considerada uma das empresas de educação mais inovadoras do mundo, em parceria com a TransEmpregos, o maior banco de currículos e vagas para profissionais trans.
O material, que é assinado pela Dra. Carmen Rosa Caldas-Coulthard, doutora em Linguística e pesquisadora da Universidade de Birmingham (Reino Unido), visa mostrar o quanto a forma de comunicar pode impactar na segregação ou inclusão de pessoas trans.
(Trans)formando consciência e linguajar
O objetivo central do novo guia é conscientizar os setores de Recursos Humanos das empresas, para evitar que certos vícios de linguagem sejam cometidos e constranjam profissionais trans.
Por conta de preconceito exclusão por toda uma vida, apenas 10% obtêm emprego formal. Além de oferecer mais oportunidades, é necessário ainda que as empresas saibam de que forma receber esses profissionais.
Segundo as fundadoras da TransEmpregos, não basta inserir os profissionais trans em um ambiente de trabalho que não seja acolhedor ou que os tratem de forma discriminatória. Nesse sentido, a linguagem reflete, e muito, opiniões e ideias ultrapassadas, mesmo que as pessoas que falem não percebam.
Ainda hoje, é normal ouvir frases como “isso é negócio de homem” ou “´isso é coisa de mulher”, o que em uma empresa não deixa de transparecer preconceito. Assim, o que muitos não percebem é que a comunicação, em geral, é muito mais direcionada para apenas um gênero - masculino.
De acordo com o guia, sempre é possível fazer substituições e utilizar uma linguagem mais neutra. Por exemplo: em vez de dizer “gostaria de ajudá-los em suas atividades”, pois isso é direcionado a um público de homens, pode-se falar “gostaria de ajudar vocês”. Palavras como vocês, pessoas, indivíduos, equipe e muitas outras podem ser usadas em praticamente todas as situações, e de forma mais inclusiva.
Ao fazer com que a linguagem não seja direcionada apenas para um gênero, todos saem ganhando.. Mesmo que pareça algo simples, a forma de se comunicar pode fazer toda a diferença para alguém que nunca tem a oportunidade de se sentir inserido em nenhum lugar.
Embora tenha sido desenvolvido para empresas, qualquer pessoa interessada pode baixar o guia linguístico, sem qualquer custo.