Pelo segundo ano consecutivo, a Eagle São Paulo elege o homem que representará o País no concurso Mister Leather International em Chicago, Estados Unidos.
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Entre 5 e 7 de abril, o bar, principal espaço da cultura leather da cidade, realizará o Mister Leather Brasil 2018. Um júri composto por sete pessoas avaliará os candidatos em relação ao porte físico, mas também ao histórico com a comunidade leather, dentre outros fatores. Welton Trindade, sócio-proprietário do Guia Gay São Paulo, será um dos jurados.
Além disso, 10% da nota final virá do público. Portanto, até o próximo dia 24, fãs desse universo, que ganha cada vez mais adeptos dentre gays e bissexuais, podem votar em seu preferido.
O Guia Gay São Paulo entrevistou os quatro concorrentes. Um médico, um professor, um desenhista industrial e um analista de sistemas disputam para saber quem receberá a faixa de Dom Barbudo, o vencedor da edição de estreia do concurso, em 2017. Conheça-os:
Deh Leather
Professor, 36 anos, nascido em São Paulo.
Como descobriu o universo leather? Foi gradual, ao longo dos anos. Durante muito tempo eu sequer sabia do uso do termo. Conhecia e tinha lido sobre fetiches, inclusive visto diversas ilustrações de Tom of Finland. Mas o marco aconteceu em uma viagem a Berlim, local que realmente vivenciei uma comunidade leather, indo a bares, a lojas e conversando com pessoas experientes. Foi incrível e tive que repetir no ano seguinte (risos).
Fiz amizades que cultivo até hoje. Foi nessa viagem que eu compreendi melhor o termo fetiche por couro. Foi nesta viagem que comprei minha peça favorita de meu vestuário [um harness de couro estilo gladiador]. Por isso também meu apreço por ela.
Qual o significado em se tornar o Mister Leather Brasil 2018? A comunidade possui seus princípios e valores, mas é vista por outros com preconceito e, por vezes, cheia de mistérios. Ganhar esse concurso significa um aceite por parte dos seus membros como um modelo de inspiração em relação ao respeito a esses princípios e valores, pilares da comunidade, e ser apontado como um expoente dela para levantar a bandeira e gritar: somos assim e nos orgulhamos de sermos assim!
Dom PC
Médico, 37 anos, nascido em São Paulo.
Como descobriu o universo Leather? Não sei exatamente quem descobriu quem, pois quando revejo o passado, percebo que essa atração pelo leather já existia em mim desde muito cedo, mesmo antes de ter qualquer noção de sexualidade. Mas foi a partir do término da faculdade em 2005 e minha independência financeira, que pude realmente encontrar e vivenciar minha essência, reconhecendo-me como leatherman.
Desde então comecei a construir minha coleção de peças em couro que já beira uns 100 itens, dentre jaquetas, calças, botas, coletes, camisas, sobretudo, luvas, jockstrap, kilt e acessórios diversos. Durante esses 13 anos de efetiva imersão na cultura leather e BDSM, estudei muito, li muito sobre o assunto, suas origens, história e evolução, para entender seus processos e me entender como parte deste universo maravilhoso. Vivenciei também a cultura leather/BDSM em eventos fora do país, como na Argentina, Estados Unidos, Holanda, França e Eslováquia, incluindo a Folsom Europe, em Berlim, em 2015, e participei dos eventos relacionados à eleição do Mister Leather Espanha, em Madri.
Qual o significado pra você em ganhar esse concurso? Do fundo do coração e sem qualquer arrogância, considero-me um leatherman, pois vivo esta realidade, estou sempre buscando conhecer e estudar mais e mais sobre este mundo; eu uso couro/botas no meu dia-a-dia; eu falo para as pessoas sobre a cultura Leather, não no sentido de querer doutrinar, mas sim para dar visibilidade à nossa cultura, desmistificar, quebrar preconceitos, mostrar que somos pessoas comuns.
Recebi muitos incentivos de amigos da comunidade leather brasileira e internacional para que me candidatasse ao concurso e acredito que a principal motivação seja dar visibilidade à cultura leather no Brasil, desmistificar e quebrar preconceitos, fortalecer os laços de amizade e parceria entre os membros da comunidade Leather, deixando de lado os ranços interpessoais e aumentando o número de adeptos por meio do esclarecimento da nossa filosofia, atuando como um difusor da nossa cultura e da nossa comunidade.
Kake
Desenhista industrial, 41 anos, nascido no Rio de Janeiro (mora em SP há mais de 10 anos).
Como você descobriu o universo leather? Criado no interior, garoto de fazenda, entre estábulos e cavalos, onde desde pequeno nunca estava sem minhas botas e vestimentas de couro de um autêntico peão. A textura, o cheiro e a masculinidade do couro foram se entranhando cada vez mais em minha vida a cada aumento de testosterona que vinha com o passar da idade.
Um contato maior com a cultura leather aconteceu quando já estava no segundo grau [hoje, Ensino Médio]. Fui atiçado, por meus livros e estudos, sobre as grandes guerras mundiais, uniformes alemães e ilustrações de Tom of Finland, então assumindo-me gay com 17 anos de idade; o que sempre tive muito orgulho. Esse orgulho que acabou me envolvendo e me deixando sempre ligado nos acontecimentos voltados aos direitos gays pelo mundo afora, assim como a cultura leather. Não tem como separar a cultura leather de todo esse ativo cenário da busca por nossos direitos.
Qual o significado em se tornar o Mister Leather Brasil 2018? Tenho muito orgulho em ser gay assumido, e, até anos atrás, minha paixão pelo couro eu guardava só para mim. Não exteriorizava meus desejos. E isso me incomodava muito. Então coloquei tudo para fora do armário, literalmente. Botas, camisas, jaquetas, jockstraps e todos os meus desejos e vontades. E isso me fez ter mais orgulho ainda do que sou. E vendo então a cena leather no Brasil, principalmente em São Paulo, aumentando muito, senti que era a hora de eu fazer algo para ajudar nesse crescimento. E tenho certeza que posso ajudar e ao mesmo tempo aprender muito com esse concurso.
Maoriguy
Analista de sistemas, 31 anos, nascido em São José dos Campos/SP.
Como você descobriu o universo leather? Descobri junto com o de BDSM na minha adolescência quando comecei a me tatuar e ter piercings pelo corpo. Fui gostando da estética e me aprofundando cada vez mais em leituras, fotos e filmes e no cartoon homoerótico Tom of Finland, isso tudo em torno dos 15 anos, mas ainda não sabia o que queria da vida.
Já com 17 para 18 anos vim para a capital fazer faculdade de moda e me assumi gay. Comecei a ver sites específicos para pessoas que gostavam e praticavam leather e BDSM (Recon, por exemplo) e daí em diante fui cada vez mais me aprofundando no meio, vivendo e convivendo, conhecendo pessoas, frequentando a cena e realizando as práticas. Nesta época ia muito na RG, Station e Luxúria (cruising bares e festas temáticas) e no meio disso venho cada vez mais me modificando para conseguir a estética que quero com tattoos, piercings e implante.
Qual o significado em se tornar o Mister Leather Brasil 2018? Agora tenho 31 anos e resolvi participar a pedido do Dom Barbudo e amigos que me incentivaram para poder ser reconhecido no meio e se ganhar representar o Brasil lá fora fazendo o que sempre fiz e gosto. Não tem coisa melhor e mais confortável para mim. Fico muito grato em participar do concurso e ficaria muito feliz em ganhar e ajudar a desmistificar a cena leather e BDSM para as pessoas fazendo com que elas percam o medo e o preconceito desse mundo que para mim seria um estilo de vida, além de ajudar o grupo leather a se unir cada vez mais.
Para votar em um dos quatro candidatos e ajudar a eleger o Mister Leather Brasil 2018, clique aqui.