O tamanho é 24 cm. A estocada é forte. A realização de fantasias sexuais é garantida. O traseiro é digno de filmes da Bel Ami. Entretanto, as mãos que eram para sentir tudo isso agora estão encharcadas de álcool em gel.
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A regra de distanciamento social para se proteger da pandemia do novo coronavírus tem deixado mais longe a realização de planos dos garotos de programa, que veem seus orçamentos em movimento contrário ao da curva de casos de covid-19.
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Maurício, de São Paulo, cuja agenda era cheia por conta do seu dote negro de 24 cm, agora lida com o vazio. "A redução foi 100%. Eu prezo pela minha saúde e não tenho marcado nada. Vários convites têm aparecido, mas estou sugerindo o programa virtual, que funciona como preliminar do que virá quando isso acabar", conta o rapaz a nossa reportagem.
A sorte de Maurício é um emprego fixo e os clientes que pagam algo como uma mesada a ele. Essa situação tem possibilitado a ele não se colocar em perigo de infecção e, por consequência, os pais idosos e a avó, que passou a morar com eles durante a quarentena.
Thales, de Belo Horizonte, também tem visto muitos clientes colocarem a obediência ao distanciamento social no lugar do desejo que sentem pelos 23 cm grossos do quarentão.
"Fazia cerca de 15 programas por semana. Caíram para cinco. E isso porque fiz anúncio em site. Eu atendia em sauna. Agora o lugar não pode abrir."
Se dependesse dele, não haveria nenhum problema em fazer o mesmo número de encontros. A questão financeira é mais urgente. "Eu não tenho outra renda. E estou preocupado se o medo dessa pandemia continuar. Vai me prejudicar ainda mais."
Enquanto na tela da TV números sobre a pandemia são crescentes, os cálculos que Niel Emerich, do Rio de Janeiro, tem mais feito dizem respeito a sua conta bancária. "Antes da quarentena, fazia de R$ 7 mil a R$ 8 mil por mês. Agora despencou para R$ 800."
Houve cuidado da parte dele, mas a realidade se impôs. "Nos primeiros 10 dias, eu mesmo fiquei recluso. Depois comecei a responder umas mensagens, fazia uma anamnese do cliente, se ele estava em quarentena, se tinha algum sintoma etc., mas mesmo assim ficou difícil."
O impacto foi grande. Niel teve de largar o apartamento na capital fluminense e ir morar com o irmão em Vitória. "Aqui não pago aluguel nem comida."
A exibição por cam na internet não tem surtido efeito. O loiro afirma que o lucro vindo daí não chega a 5% do que ele faz presencialmente.
Para complementar a renda, ele, que é formado em educação física, dá aulas on-line de exercícios e vende maquiagem.
O nome pandemia é ainda mais tangível quando se vê que o impacto é mundial até no trabalho de um garoto de programa na Austrália. Rogério, brasileiro, está em Sydney e chega a cobrar R$ 2.500 por hora, mas sua decisão para agora é parar.
"Tenho uma poupança. Por enquanto vou me manter com ela, mas se a necessidade de ficar em quarentena continuar e não vier a cura, terei de voltar ao Brasil antes do que eu queria. Nunca foi minha intenção ficar aqui, mas também não dá para arcar com os custos de vida aqui sem ganhar na moeda local."
Maurício também teve de reprogramar planos. "A falta do dinheiro dos programas me prejudicou no pagamento das parcelas de um apartamento. Estou vendo como a situação vai ficar."
*Com exceção de Niel, todos os nomes são fictícios.