Eleições 2016
Informações para o voto LGBT se fortalecer nesse grande momento da democracia

Um dos LGBT mais influentes de SP, Todd Tomorrow é pré-candidato

Psolista teve mais de 19 mil votos em 2014 e é nome forte para Câmara Municipal

Publicado em 01/05/2016
todd tomorrow bruno maia psol
Todd foi voz importante nas mobilizações LGBT contra Marco Feliciano e Eduardo Cunha 

Nos idos de 2013, Todd Tomorrow, alcunha do publicitário Bruno Maia, 35 anos, tomava as redes sociais e as ruas em protestos contra o deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP). Em 2014, foi candidato a deputado estadual pelo Psol. No ano seguinte, foi voz importante para denunciar o mal que seria Eduardo Cunha (PMDB-RJ) como presidente da Câmara dos Deputados. E a luta continua! Agora rumo à Câmara Municipal de São Paulo! 

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Ainda muito atuante em mobilizações sociais, Todd agora é nome forte dentro do partido para concorrer a vaga de vereador. Os mais de 19 mil votos obtidos nas últimas eleições, apoios de figuras tais como Laerte e Gregório Duvivier, e ter sido considerado em 2014 e 2015 um dos 10 LGBT mais influentes de São Paulo pavimentam esse caminho, que inclui crítica até aos falsos aliados, como diz na seguinte entrevista. 

Por que pensa em se candidatar?
Não é uma decisão fácil de ser tomada, tampouco deve ser individual e baseada em interesses meramente partidários e, muito menos, próprios. O investimento emocional e de energia é imenso. Em 2014, eu era um novato na cena política nacional e, correndo por fora, fizemos um imenso barulho, pautando as eleições nacionais e colocando várias questões de interesse das LGBTs no centro do debate político. Esse era o objetivo primário do coletivo que faço parte, o Pedra no Sapato.

Neste ano, não deve ser diferente. As eleições municipais fatalmente serão muito nacionalizadas por conta da crise econômica e política que emanam especialmente do Executivo e da Câmara dos Deputados. Resisti por meses em me colocar como pré-candidato, pensando na minha saúde física e mental, mas existe uma certa pressão que considero saudável e me deixa contente: muita gente decente tem me pedido pra ser candidato e isso aciona meu senso de responsabilidade, pois a atual conjuntura não é favorável aos direitos humanos, especialmente no que tange às LGBTs.

Essa é a principal razão da gente ter começado a se posicionar como pré-candidato. Mas o cenário está tão turbulento que tudo pode acontecer e mesmo eleições gerais podem ser convocadas, o que mudaria tudo.

Por que pelo Psol?
Escolhi o PSOL, pois identifiquei no partido uma vontade coletiva sincera em atuar fortemente pelos direitos humanos, o que não vislumbro até hoje noutras legendas. Confesso que minha filiação aconteceu por gratidão. O PSOL foi o único a fazer o enfrentamento em bloco contra os fundamentalistas religiosos que causaram um pandemônio na crise da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara, ainda em 2013, e na qual nós atuamos fortemente como resistência.

Hoje vejo condições de agir nessa mesma direção apenas no PSOL, mas sempre deixo frisado que os partidos devem ser instrumentos para as causas e não o contrário! O partido atua fortemente em pautas urgentes que consideramos justas e legítimas. Por isso o PSOL tem a minha lealdade. Um exemplo disso foi a turbulenta passagem de um deputado federal eleito pelo PSOL que se revelou um fundamentalista religioso. Coloquei minha desfiliação na mesa caso providências não fossem tomadas. E o PSOL o expulsou. Isso nunca aconteceria noutras legendas. Nunca!

Quais serão suas principais bandeiras?
Certamente os direitos humanos vêm em primeiro lugar, mas dialogamos e temos boa penetração nas pautas culturais e antiproibicionistas e nas questões ambientais. Essa onda ultraconservadora atinge todo mundo, especialmente a juventude, seja a periférica, seja a que vive nos centros. Ela é a principal interessada e está na resistência e, ao nosso ver, deve ser privilegiada nos debates que acontecerão. Lutaremos para isso!

Quais os maiores desafios que você imagina que terá na campanha?
Primeiro que a campanha para vereador é muito mais disputada que a de deputado. O debate normalmente é muito localizado, mas como as eleições devem ter temas nacionalizados, como disse antes, o chamado "voto de opinião" terá papel fundamental na disputa. Eu tiro de letra fazer enfrentamentos como já fiz contra Feliciano, Bolsonaro, Russomano, Cunha ou Maluf.

O que me deixa extremamente desgostoso é quando o jogo sujo e a sabotagem vêm do nosso campo, especialmente quando ele é disparado por interesses eleitoreiros de supostos aliados. Em 2014, os partidos, incluindo o meu, perderam a chance de jogar luz nas candidaturas LGBTs, mesmo nós estando no centro do debate político.

Isso acontece pois frequentemente somos usados como massa de manobra por parte das lideranças consolidadas. Querem os nossos votos para si, mas consideram LGBTs proeminentes e com chance real de eleição como ameaças ao seu projeto de perpetuação no poder vinculado a interesses mesquinhos e individuais.

Portanto, nosso grande desafio é circular as armadilhas criadas por gente que sobe à tribuna para dizer defender a pauta LGBT, mas que criam arapucas eleitorais contra nós. É lamentável, mas é da natureza humana e muita gente não se controla. Nossa história, ao contrário, está sendo criada a partir da solidariedade e visando as pautas que consideramos urgentes.


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