Ficção e realidade se imiscuem em Amor em 79:05, espetáculo adaptado e dirigido por Elias Andreato que estreia em São Paulo nesta quarta-feira 6 no Teatro Augusta.
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Na peça, um escritor de meia idade solitário (Josemir Kowalick) imagina seu encontro com um um belo rapaz (Eduardo Ximenes) e relata um cotidiano fictício desse relacionamento homossexual que envolve devaneios, discussões e momentos de ternura.
As imagens são difusas e nesse jogo de imaginação fica-se a sugestão de que o jovem é quem pode estar contando a história. "O que fica claro na peça é a certeza de que o artista é capaz de todas as fantasias", explica Andreato. "Para falar de uma dor é preciso inventar uma história."
O diretor argumenta que a peça discute a relação do tempo com o amor e a solidão. "O texto mostra a intensidade de um relacionamento, independente da opção sexual (sic), e nos faz pensar nas relações afetivas que, hoje, são tão efêmeras, quando não se valoriza o contato direto, quando a tecnologia pode substituir a intensidade do toque, do olhar próximo. Há falta de tempo para falar de si, das angústias: muitos querem mesmo é provar, publicamente nas redes sociais, o quanto são felizes."
"Quando li o livro de Vinícius Márquez [em que se baseia o espetáculo], pensei em todos os amores que perdi e tantos que não tive coragem de viver intensamente por medo ou preconceito meu ou dos outros. Senti um profundo desprezo por mim mesmo. Chorei até sentir dó de mim. Busquei Oscar Wilde, Clarice Lispector e Pessoa, quando diz que a vida chega a ranger... A dor de quem ama é imensa... Mas a felicidade do enquanto dure é eterna", diz Andreato.
Além de adaptar a obra homonônima, Andreato também assina duas canções do espetáculo, que tem trilha de Fábio Sá, e criou o cenário. Para Kowalick, a montagem propõe cumplicidade com o público, ao apresentar questões afetivas inerentes à todas as pessoas de forma sensível e, ao mesmo tempo, dura e direta. "Sempre é importante falar de amor, em todos os tempos, principalmente agora", diz.
Com este monólogo - já que a participação de Ximenes é quase etérea e os diálogos são solitários - Kowalick comemora 25 anos de carreira, como os recentes Abujar Lilás, dirigido por André Garolli, e Pano de Boca, de Marcelo Marcus Fonseca.
Amor em 79:05 fica em cartaz às quartas e quintas até 25 de agosto. Mais informações - como horários e valores - você tem em nossa Agenda clicando aqui.