Um novo movimento na queda de braço entre a Prefeitura de São Paulo e parada LGBT da cidade. E, de novo, quem perde é a ONG. O Guia Gay São Pauloapurou que o governo municipal, pela primeira vez, exigiu como condição para liberar o evento na Avenida Paulista que a Associação da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo (APOGLBT) deixe de cobrar taxa de participação de trios elétricos.
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O condicionante foi incluso no Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) elaborado pela prefeitura e entregue à entidade social. O documento reúne obrigações da organizadora junto ao poder público. A postura da Coordenação de Políticas para LGBT, liderada por Alessandro Melchior, é não haver recuo nessa nova medida.
A taxa era forma de a APOLGBT arrecadar fundos para custeio da parada e para seu funcionamento durante o ano, explica o presidente da entidade, Fernando Quaresma. "O impacto dessa decisão é muito negativo. A prefeitura nunca custeou todos os gastos da parada. Temos vários itens para os quais temos de arranjar outras formas de quitar, e a taxa era uma dessas saídas. Fora o quanto os valores nos ajudavam durante o ano."
Sem demonstrar posição de enfrentamento, o líder disse que a solução acalentada por agora é captar mais patrocínios para tentar cobrir o espaço no orçamento criado pelo veto governamental.
Decepção de um lado e boa avaliação do outro. Empresários da noite de São Paulo, comunicados pela reportagem sobre a nova medida, se mostraram satisfeitos. A cobrança para permitir entrada de trio na parada era a maior reclamação dos donos de clubes e saunas da cidade e explicação para seu afastamento do ato.
O empresário Rodrigo Zanardi, do clube Flexx, afirmou que o impedimento da cobrança pode até significar o retorno da boate à parada. "A taxa era muito alta. Já cobraram R$ 15 mil. Agora, sem a taxa, poderemos custear apenas o trio, que não tem valor baixo. A notícia é positiva e nos aproxima de voltar ao evento."
O proprietário da Blue Space, José Victor, faz coro. "A gente participou apenas da primeira edição da parada, com um trenzinho, no melhor estilo das paradas americanas, em que há um desfile. No ano seguinte, veio a exigência de trio. Não participamos mais até por outras questões, mas o impedimento da cobrança da taxa torna mais fácil retornarmos. E para mostrar a cultura LGBT."
A avaliação é compartilhada pelo gerente da Danger Dance Club, Mauro Senne. "Sem sombra de dúvida ter de arcar apenas com o trio facilita nossa participação."