O ano chegou ao fim e é hora de lembrar os fatos mais impactantes para os LGBT em 2013. Se o PLC 122 parece ter sido enterrado e a criminalização da homofobia não será discutida tão cedo no Congresso, há muitos pontos para os cidadãos arco-íris comemorarem. Selecionamos os 10 principais:
1. A aprovação do casamento gay pelo Conselho Nacional de Justiça
Após vários Estados aprovarem, entre 2012 e o ínicio de 2013, a união entre pessoas do mesmo sexo e outras unidades da Federação ficarem na dependência da boa vontade de um juiz, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) resolveu tudo e determinou, em 14 de maio, que todos os cartórios são obrigados a aceitarem o casamento gay.
2. O apoio maciço de personalidades e imprensa a favor do casamento gay e ao movimento Fora Feliciano
Com a tomada da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) pelos evangélicos, incluindo a presidência da comissão pelo homofóbico Marco Feliciano (PSC-SP), a discussão sobre direitos das minorias foi esvaziada e passaram a tentar aprovar aberrações como o projeto da "cura gay". LGBT e simpatizantes foram às ruas e foi lindo ver os beijos entre Fernanda Montenegro e Camila Amado, Caco Ciocler e Gero Camilo e Bruno Gagliasso e Matheus Nachtergaele em apoio a gays e lésbicas, entre tantos outros momentos.
3. A declaração do Papa Francisco a favor do respeito a gays
No voo para a Itália saindo do Brasil, após participar da Jornada Mundial da Juventude, no Rio, o recém-escolhido Papa Francisco deu a declaração mais benéfica aos gays nos últimos séculos pelo chefe da Igreja Católica. Ao ser questionado pela repórter da TV Globo Ilze Scamparini sobre como iria enfrentar o lobby gay no Vaticano, o Papa disse: "O problema não são os gays, mas o lobby. Qualquer lobby é ruim. Se os gays se aproximam de Deus, quem sou eu para julgar?" A última frase ecoou pelo mundo e foi responsável pelo pontífce ter sido escolhido como o Homem do Ano pela revista gay norte-americana Advocate.
4. O apoio de empresas brasileiras aos direitos LGBT
Se lá fora não é incomum vermos, por exemplo, marcas como a Absolut fazer edição limitada com uma garrafa arco-íris e a Coca-Cola apoiar a parada LGBT de Nova York, no Brasil as empresas estremecem de medo de nos apoiar em público. Ou estremeciam. Mesmo que de forma tímida e com uma campanha divulgada apenas em redes sociais, é louvável que marcas famosas como Itaú, Contigo!, Ponto Frio, Wallmart, Sonho de Valsa e Halls tenham brincado com seus logos mostrando que estão favoráveis ao casamento gay. Banco do Brasil também fez posts no Facebook com casais do mesmo sexo. Todos estão na lista dos textos mais curtidos da página.
5. O outing de Daniela Mercury e outras famosas
Foi apenas uma foto no Instagram que mudou a vida de Daniela Mercury. A cantora postou imagem romântica com a então namorada (e meses depois, esposa) Malu Verçosa e posicionou o seu outing de forma política, pedindo a saída de Feliciano da CDHM. A baiana virou capa das principais revistas do país e seu namoro foi o mais comentado na internet, TV e jornais. Vale destacar também a coragem das jogadoras de vôlei de praia Lili e Larissa, da atriz Maria Zilda Bethlem e da lutadora de MMA Jessica Andrade. Se por um lado, dezenas de atores bonitões das TVs Globo e Record continuam no armário com medo de não serem mais chamados para viverem galãs, a audácia dessas moças pode diagnosticar que estamos mudando.
6. Retirada da "cura gay" da Câmara
A pressão popular mostrou que pode fazer a diferença. Em meados do ano, brasileiros saíram às ruas protestando por diversos motivos, dentre eles, a retirada do polêmico "cura gay" da pauta do Congresso, que foi aprovado pela CDHM. O projeto do deputado João Campos (PSDB-GO) ganhou hojeriza de boa parte dos brasileiros, inclusive a rejeição do próprio partido e do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves. Após semanas, enfim, ele foi para a gaveta.
7. Novos procedimentos no tratamento do HIV no País
Em dezembro, o Ministério da Saúde anunciou que o Brasil será a primeira nação a distribuir antirretrovirais assim que os pacientes tiverem o exame positivo para o HIV. Segundo estudos internacionais, o uso precoce do medicamento diminui em 96% a taxa de transmissão da doença. O governo brasileiro também anunciou que o teste para HIV por saliva será vendido em farmácias. A intenção é clara: quanto mais pessoas souberem precocemente que tem o vírus, menor a chance dela propagá-lo.
8. Jean Wyllys é eleitado melhor deputado federal
Não há como não comemorar o fato do primeiro deputado federal do País abertamente homossexual ter sido eleito o melhor do ano. Jean Wyllys (PSOL-RJ) recebeu 254 mil votos no site Congresso em Foco e foi eleito também o Parlamentar do Futuro, dentre aqueles com menos de 45 anos. O baiano é um de nossos maiores defensores na Câmara, mas participa ativamente de várias comissões e luta pelo maior acesso á educação e contra a corrupção.
9. Maioria dos jovens brasileiros respeita LGBT
Se os jovens são nosso futuro, ele será muito mais tolerante no Brasil. Um estudo conduzido pelo Grupo Caixa Seguros mostrou que 69,7% dos entrevistados não se incomodariam nem um pouco em terem um professor gay ou uma professora lésbica. Ao todo, 67,2% também disseram que não se importariam em ter um amigo gay ou uma amiga lésbica e 50,99% concordaram total ou parcialmente com a afirmação "casais homossexuais podem adotar crianças". Foram entrevistados 1.200 jovens entre 18 e 29 anos de todas as regiões do País.
10. O preconceito contra homossexuais como tema central da novela das nove
Gays, lésbicas, bissexuais e até transexuais aparecem nas novelas da TV Globo há 40 anos. Guardadas os devidos méritos de algumas delas, nenhuma até hoje ousou colocar o tema como assunto principal. O desprezo de César (Antônio Fagundes) pelo filho Félix (Mateus Solano) por conta de sua homossexualidade o tornou um rapaz vingativo e enrustido. O público caiu de amores pelo vilão - em parte devido à excelente interpretação de Solano - e viu o tema ser discutido diversas vezes em diálogos fortes e claros (típicos do autor, Walcyr Carrasco).
