Trinta e um de agosto pode ter marcado o fim do processo de impeachment de Dilma Rousseff (PT), mas também pode ser o início de mais de dois anos de embate do movimento LGBT com o governo federal, agora liderado de forma definitiva por Michel Temer (PMDB).
Duas das maiores entidades arco-íris do Brasil farão reunião de diretoria para discutir um ponto nevrálgico: o abandono ou a permanência em espaços institucionais, tais como comitês e comissões compostos pelas ONGs e o governo federal.
Dentre exemplos desses grupos de debate e de orientação de políticas públicas estão o Conselho Nacional contra Discriminação, Comissão de Articulação com os Movimentos Sociais - do Ministério da Saúde -, e comitê do Ministério da Cultura.
À nossa reportagem, a presidente da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), Keila Simpson, mostrou o incômodo com a situação.
"Ainda estamos engolindo os acontecimentos para tomar uma posição coletiva depois. Eu, pessoalmente, sou contra o diálogo, mas represento uma instituição, e a decisão será feita."
O líder da ABGLT, Carlos Magno, indicou que o debate interno será feito logo. "Nos últimos meses, congelamos a relação com o govenro porque decidimos lutar até o último instante contra o golpe. Agora, a situação mudou, mas vamos discutir o que faremos."
A negação em compor comitês do governo de Temer foi demonstrada recentemente pelo deputado federal Jean Wyllys (Psol). Como resposta a convite do Ministério da Cultura para indicar componente ao comitê LGBT do órgão, o parlamentar publicou a negativa e disse não querer soma com "governo golpista".