Itaquera tem festa arco-íris ao ar livre. Conheça o Helipa LGBT

Centenas de pessoas se divertem em fluxo no qual moradores e bares se somam e abraçam a novidade

Publicado em 27/12/2017
helipa lgbt itaquera
O rolê reúne LGBT, crianças e moradores aos pés da estação de metrô Corinthians-Itaquera

Se você estiver passando pela estação Corinthians-Itaquera de metrô, Zona Leste da cidade, e de repente ouvir som bem alto a ecoar os vocais de Pabllo Vittar ou Xuxa, pense em não resistir a uma das mais novas movimentações arco-íris paulistanas. Pense em se jogar no Helipa LGBT.

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Trata-se de um fluxo (agito em espaço público ao ar livre) que, em poucas semanas e de acordo com os organizadores, passou de algumas dezenas de pessoas para cerca de mil.

Não espere tudo certinho! Uma variedade de coisas acontecem ao mesmo tempo, explicou ao Guia Gay São Paulo um dos produtores, Mateus Belle. 

"O fluxo é feito com participação dos bares do lugar, dos moradores e de quem vai de carro. O som vem de todos esses lugares! Você vai circulando e encontra os grupos de pessoas que estão no agito com uma música. Anda mais um pouco e já vê outra vibe." 

A mistura sonora é uma marca do fluxo. "Toca Anitta, funk, Marília Mendonça... Na mais recente, rolou até Xuxa. Ah, e sempre Pabllo Vittar. Ícone", lista Belle. 

A movimentação começou em outubro, quando foi realizada festa em uma casa da mesma área em que hoje há o fluxo, aos pés da estação de metrô e em frente à creche Casa de Cristo II.

A vibração não coube mais na casa e ganhou o espaço público, aí na primeira edição do Helipa LGBT.

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Trio de 18 anos de idade organiza o fluxo: Leonardo Pereira, Higor Polastro e Matheus Belle

Cabe aqui explicação quanto ao nome. Helipa é um fluxo heterossexual que é feito em Heliópolis. A apropriação pelo lado arco-íris do agito tem tinta política.

"A proposta foi quebrar o paradigma de que só pode haver fluxo hétero. Ele poder ser LGBT sim, com as manas rebolando a bunda até o chão todo mês em Itaquera", diz de forma contundente o produtor. 

A terceira edição - fica o convite - será realizada em 6 de janeiro, mas, apesar da "pouca idade", o Helipa LGBT já foi abraçado pela comunidade local. 

"Os moradores da região super apóiam. Eles nos chamam para dar sugestões, me recebem de braços abertos na casa deles. Quanto aos bares, eles ganham, pois a venda de bebidas é feita por eles."

E não é só! Embora seja realizado entre 23h e impressionantes 8h da manhã, crianças estão lá jogando bola, as famílias das casas integram a festa... E aí o que não faltam são empolgação e paz. 

"É um rolê democrático, no qual passam todos, tia, avó, avô, travestis, trans, amigos, irmãos, crianças. E até hoje não ocorreu nenhuma briga. Todos se respeitam". 

Belle e os outros responsáveis pelo Helipa LGBT, o estudante Leonardo Pereira e o estagiário Higor Polastro, todos os três com 18 anos de idade, estão felizes, mas não satisfeitos.

Horas antes da entrevista, eles conseguiram autorização para fazer o bloco de carnaval. Onde? Em Itaquera, oras! 

"Tudo isso é importante para mostrar que as manas têm que ocupar sim a periferia e não só a região da avenida Paulista. Tem de ocorrer sim fluxos e festas LGBT em todo canto de São Paulo e do País, pois nós existimos e vamos resistir."


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