Infidelidade não é apenas sexual e só é evitada com transparência

Publicado em 21/02/2016
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Ser fiel é cumprir o que foi acordado, seja qual for o tipo de combinação construída

Quando falamos em fidelidade no relacionamento, pensamos imediatamente em traição sexual, como uma relação extraconjugal. Porém, a fidelidade é mais profunda e mais dinâmica que simplesmente um descumprimento de um dever em relação ao sexo. 

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O termo fidelidade tem sua origem na expressão latina "fidelis", que significa a atitude de quem é fiel, de quem tem compromisso com aquilo que assume. É uma característica daquele que é leal, que é confiável, honesto e verdadeiro.

A fidelidade significa uma relação de segurança, de confiabilidade. Por isso, fidelidade só existe em um relacionamento a partir do momento que entre duas pessoas a transparência é cultivada e o acordo mútuo é estabelecido. Assim, a fidelidade não tem a ver somente com a sexualidade, mas com todos os aspectos que envolvem o relacionamento.

Vamos supor que um casal tenha uma conta conjunta. Os dois estabelecem, então, a regra de somente retirar qualquer quantia com o conhecimento e consentimento do outro. Se um deles, mesmo que seja por um bom motivo, retirar uma quantia sem avisar o seu cônjuge, estará sendo infiel, pois não estará cumprindo o que foi estabelecido. Aqui, a confiança estará sendo abalada e as regras do relacionamento começam a ser banalizadas.

Ser fiel é cumprir com o que se assume. O que se assume é um problema do casal, ou do grupo, que vive em um relacionamento. A partir do momento que as regras são discutidas e afirmadas, aqui se estabelece, com clareza, como se deve viver em fidelidade. Por isso a traição não está relacionada necessariamente a um relacionamento com um terceiro.

Se um casal quer viver uma relação aberta, aceitando experiências sexuais com outras pessoas, este casal pode ter relações extraconjugais sem haver traição. A fidelidade é algo muito particular do casal e precisa ser respeitada como o casal deseja vivê-la.

A traição acontece quando não vivo a transparência no meu relacionamento com o outro. O traidor age pelas costas e esconde de mim o que está fazendo.

O traidor pode ser um mau caráter ou um fraco, de qualquer forma, ele age às escondidas para não viver o conflito da transparência que o verdadeiro amor exige. Isso mesmo, o amor exige também conflito de ideias e acertos de condições.

Todo relacionamento deve ser construído estabelecendo claramente as condições que desejamos viver. Este é o ponto: eu não posso aceitar nada em um relacionamento que me reprima ou magoe. Por isso, o casal precisa ser claro em suas perspectivas sobre o relacionamento. O que desejo da minha relação deve estar nítido para o outro.

O amor não pode se desenvolver para uma possessão inconsciente, o amor é um lúcido bem-querer e, por essa razão, as pessoas precisam ser claras e expressar se aceitam ou não as vontades do outro. Por isso que a traição não se configura simplesmente na vivência de um relacionamento extraconjugal, mas no desconhecimento de um dos cônjuges sobre o seu relacionamento.

Aqui está a infidelidade: a falta de transparência entre duas pessoas. Eu sou infiel quando sou sujeito da desconfiança. Só existe desconfiança quando não estabelecemos claramente nossos limites.

Tudo pode acontecer entre os cônjuges, desde que tudo seja às claras e respeite os desejos de cada um. Se o consentimento existir realmente e o respeito for mantido, nada pode ser pecado.


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