Irmãos gêmeos fazendo pornô gay não é lá algo tão raro, mas enquanto para quem assiste o tesão é grande, para quem faz podem restar lembranças incômodas. Ao menos foi o que ocorreu com Ta'Leon Goffney.
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Em 2004, o rapaz de 34 anos, que se define como heterossexual, participou de uma filmagem com seu irmão gêmeo, Keyontyli, que é gay. Ao site Queerty, Ta'Leon disse que as gravações o abalaram profundamente e prejudicaram sua relação com o irmão.
"Essa experiência prejudicou nossa amizade", conta. "Eu sempre soube que ele era gay e sexualmente ativo, mas testemunhá-lo sendo sodomizado bem na frente dos meus olhos foi demais. Ainda que nunca tenhamos tido nada sexual entre nós, isso arruinou a linha familiar porque destruiu quaiquer limites possíveis que ele e eu pudéssemos ter novamente."
"Faz 12 anos que aconteceu e ainda está vivo na minha mente como se fosse ontem. Eu me arrependo ao máximo. Porque ter vivido aquela parte de mim me fez perder a pessoa que me era mais próxima", diz.
Ta'Leon revela que os dois, que são de New Jersey, foram até Las Vegas com o objetivo de obter trabalhos de modelo, e acredita que os produtores aproveitaram-se da ingenuidade de ambos.
"Eles nos pressionaram durante as filmagens, o que tornou tudo mais difícil. Ambos nos sentimos como prostitutos porque estávamos sendo filmados fazendo atos sexuais por dinheiro. E nós somos gêmeos, por isso, telepaticamente, ambos sentimos a degradação crescendo dentro de nós. Isso arruinou nossa ligação porque nos levou longe demais. Há algumas linhas que os irmãos nunca devem cruzar."
Em 2008, Ta'Leon foi condenado a seis anos de prisão pela participação em um roubo a um salão de beleza. Foi aí que o filme, gravado quatro anos antes, ficou realmente conhecido. Ele conta que os produtores mandaram links de suas cenas para toda a imprensa a fim de promover o filme. "Revista Details, Perez Hilton, New York Times e inúmeros outros meios de comunicação tiveram exatamente o que era necessário para fazer da minha sentença de 75 meses na prisão um inferno."
Ele diz que passou um terço de sua sentença em isolamento porque os presos souberam da sua fama de "astro pornô gay". Ele diz que comia sozinho, via TV sozinho e até mesmo na hora do banho, eles saíam de perto. "Eles me tratavam como se eu tivesse uma doença terminal contagiosa."
O ex-performer diz que isso o fez perceber, mesmo sendo hétero, como a sociedade faz da vida dos LGBT um inferno. "Você não tem controle sobre quem você ama. Fizeram-me sentir menos que humano quando estava na prisão. Não gostaria que acontecesse isso nem com meu pior inimigo. Essa experiência mudou toda minha perspectiva."
Liberto em 2014, Ta'Leon é pai desde o ano passado de um filho junto à namorada de longa data, lançou um livro sobre sua trajetória (Infamous) e pretende lançar sua continuação (Life After Infamy). O irmão Keyontyli, ele diz não ver há dois anos, que uma série de outros eventos culminaram no distanciamento, mas que tudo começou com o filme pornô juntos.