Em Caracas, capital da Venezuela, um homem de 50 anos se aproxima de rapazes para levá-los para casa e, lá, se masturbar enquanto vê seus corpos desnudos. Esta é a premissa do filme De Longe Te Observo, que estreia nesta quinta-feira 28, na capital.
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O longa-metragem, que venceu a edição 2015 do prestigiado Festival de Veneza, não faz muitas concessões, é duro e cru, tal como a realidade do país sul-americano, que tanto sofre com uma crise econômica sem fim.
Mas não espere a realidade social. Ela surge no filme, mas o que importa ao diretor Lorenzo Vigas, em seu estreia, é o drama humano. Armando (Alfredo Castro) é dono de um laboratório de próteses dentárias. Ao caminhar pela cidade, ele aborda jovens e lhes oferece dinheiro.
O prazer quase solitário do empresário é quebrado quando ele conhece Elder (Luis Silva), de 17 anos. Líder de uma gangue local, o rapaz interessa-se pela quantia, mas, na casa do homem, mostra-se agressivo, o machuca e o rouba. O que poderia ser uma experiência mal-sucedida para Armando, se desenrola em uma ligação mais profunda quando eles voltam a se encontrar.
O protético entra no cotidiano de Elder e vice-versa. Aí, ao mesmo tempo, eles mais se interesserão pelo universo um do outro, e também sentirão as consequências disso. Em uma ponta a homofobia; na outra, um passado que Armando não consegue esquecer.
Com ótimas interpretações e uma edição que mostra o envolvimento dos protagonistas ao mesmo tempo em que seduz o espectador, De Longe Te Observo faz refletir sobre a solidão, diferenças culturais, amor e sexo.