Esquadrão das Drags ganha homenagem em livro sobre sexo seguro

Obra escrita por Roseli Tardelli e Fernanda Teixeira resgata história do grupo de Dindry Buck

Publicado em 26/09/2016
Esquadrão das Drags é tema de livro de Roseli Tardelli sobre sexo seguro e prevenção ao HIV
Grupo faz trabalho social e artístico e ajudou a mudar a realidade de adolescentes homossexuais

Por Marcio Claesen

Uma das melhores iniciativas brasileiras na arte de se montar, o Esquadrão das Drags ganhou homenagem em obra que acaba de ser lançada.

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Em Esquadrão das Drags - Arte, Irreverência e Prevenção em Toda a Parte, as jornalistas Roseli Tardelli e Fernanda Teixeira debruçaram-se sobre o trabalho de prevenção e conscientização em relação a sexo seguro que as quatro drag queens fazem junto a jovens gays e trans em São Paulo.

Formado em 2011, o grupo surgiu com a proposta de ajudar a revitalizar o coração gay da cidade, o Largo do Arouche. No local, um ponto de encontro da comunidade onde não é preciso pagar entrada ou consumação mínima para se divertir, em meio à falta de segurança e lixo nas ruas, adolescentes homossexuais faziam sexo ao ar livre nas tarde de domingo e caíam alcoolizados de bebida barata. 

Dindry Buck - personagem do mineiro Albert Roggenbuck - foi contatada para fizesse uma ponte entre o poder público e a associação de moradores, que reclamava muito das condições do lugar, e os jovens que frequentavam o Arouche. A iniciativa do então diretor da Coordenadoria de Assuntos da Diversidade Sexual e hoje à frente do Museu da Diversidade Sexual, Franco Reinaudo, e do assessor para Cultura e Gêneros e Etnias da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, Cássio Rodrigo, deu certo.

Dindry se uniu à Sissy Girl, Nina Cash e Send Buck e as quatro ganharam a confiança e o respeito dos jovens. De forma lúdica e divertida, as drags ajudaram os adolescentes a questionarem suas açõe, viraram reportagens de programas e repetiram o feito, em 2015, quando situação parecida tomou conta da marquise do Parque Ibirapuera.

O livro apresenta um a um os performers com um tanto de suas vivências, infâncias e incoerências. De material rico, suas histórias, entretanto, surgem entrecortadas demais, talvez para não espichar o tamanho da obra, e com uma cadência que, por vezes, atrapalha a leitura. Remete-se ao mesmo fato em certos momentos, volta-se a personagens para depois desfazer-se deles de maneira atropelada. 

Ainda que um adendo ao final da obra, a lista de "figuras em destaque no Brasil e no mundo em assuntos LGBT" apresentada vai além do questionável. Possivelmente por falta de conhecimento com o tema de que tratam, as autoras relacionaram quase somente nomes envolvidos na divulgação da Teoria Queer, área que sequer integra o termo LGBT.

A todo momento, a obra relembra a importância do sexo seguro e como foram tristes tantas perdas para a aids de amigos dos envolvidos. Mas, aqui, não se faz crítica: o livro é editado pela Agência Nacional da Aids, da qual Roseli é editora-executiva, e é destinado a ONGs que trabalham com prevenção a DST/HIV e não será vendido.

O lançamento é realizado nesta terça-feira 27, às 18h30, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional - Avenida Paulista, 2.073, Jardim Paulista.


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