Em meio a sexo e drogas, 'Tangerine' dá voz às transexuais

Longa passa-se na região de prostituição de Los Angeles e tem atrizes trans nos papéis principais

Publicado em 04/02/2016
Tangerine conta história de prostituta transexual em busca do namorado que a traiu
Mya Taylor e Kitana Kiki Rodriguez em 'Tangerine'

Uma prostituta sai da cadeia e enquanto divide um donut (um só mesmo, a vida não está fácil) com a melhor amiga, fica sabendo que o namorado a traiu com outra enquanto esteve presa. Como uma espécie de Noiva de Kill Bill, ela sairá enfurecida em busca dos dois. Esta é a trama de Tangerine, filme que estreou nesta semana na cidade.

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O fato de ambas as amigas serem personagens transexuais e vividos por atrizes trans não é um mero detalhe. O diretor Sean Baker diz que jamais pensou em usar intérpretes cisgêneros e o longa é bom exemplo de empoderamento das pessoas trans que, aqui, podem mostrar seus talentos, como quaiquer outras atrizes.

Filmada inteiramente com celulares iPhone 5s, a produção acompanha a caça de Sin-Dee Rella (Kitana Kiki Rodriguez) pelas ruas de East Hollywood - região que engloba a zona de prostituição do Santa Monica Boulevard, em Los Angeles - pelo cafetão Chester (o bonitão James Ransone).

Em determinado momento, as histórias se dividem e Baker passa a costurar também os dramas da melhor amiga de Sin-Dee, Alexandra (Mya Taylor, em ótima performance), que tem sonho de se tornar cantora, e do taxista Razmik (Karren Karagulian), um armênio casado, pai de uma criança pequena, com uma sogra infernal e que entre uma corrida e outra procura por sexo com transexuais.

Tudo se encaminha para um ápice onde os personagens se encontrarão, mas mais relevante que saber como se desenrolará o desfecho (e ainda que a cena final seja uma das mais belas do cinema dos últimos tempos) é o caminho que essas pessoas percorrem e a denúncia da nada vida fácil de quem escolhe a prostituição. Apesar da barra pesada das situações, o filme recorre ao humor muitas vezes - afinal, trata-se de uma comédia dramática - com piadas deliciosas em meio a sexo e drogas.

Elogiado pela crítica, Tangerine ganhou o Prêmio Félix de melhor filme de temática arco-íris no último Festival do Rio e está indicado nas principais categorias do Independent Spirit Awards (uma espécie de Oscar do cinema alternativo), cujos vencedores serão revelados no fim deste mês, dentre outros prêmios pelo mundo.

Os horários de exibição estão em nossa Agenda.


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