Completar uma década atrás das pick-ups amelhando cada vez mais público e conseguindo se reinventar não é tarefa fácil. Entretanto, o DJ Felipe Lira dá conta do recado e prova que ainda tem muito fôlego.
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Aos 33 anos e prestes a fazer sua primeira turnê pela Europa, o natalense, que chegou a São Paulo em 2003, conversou com o Guia Gay São Paulo sobre as conquistas da carreira, suas influências e as mudanças na noite. Nada que o assuste, pelo contrário.
O que te fez se tornar um DJ?
A paixão pela música e a arte de entreter o público. Na época de colégio, passei por coral, teatro e dança antes de assumir a rádio interna como DJ e locutor. Levo um pouco de cada coisa para a cabine quando subo para tocar.
Olhando para trás, como você avalia esses 10 anos de carreira?
Não foram 10 anos fáceis, Trabalhei muito para dar cada passo e alcançar cada conquista. Trabalhar na noite, às vezes, pode ser cruel. Mas foram 10 anos de muitas alegrias, amadurecimento e aprendizado. Tive sorte de ter pessoas que me ajudaram e me aconselharam bastante. Aprendi a levar minha profissão a sério e respeitar a cena como um todo.
Você pode citar algumas das noites mais memoráveis?
São tantas... Uma em especial que marcou muito foi a inauguração da The Week Rio (julho de 2007), a primeira vez que toquei fora do Brasil, em Toronto, no início de 2007. Outra noite incrível foi no festival Hell & Heaven do ano passado, na Bahia, ao lado de Rodolfo Bravat. Saímos da cabine emocionados depois de tocar.
Que mudanças você percebeu no público durante esse tempo?
A noite como um todo se tornou muito mais eclética e comercial. Isso é uma faca de dois gumes. Fica difícil agradar a todo mundo quando tem gente que vai para uma boate que só toca eletrônico e tem a coragem de pedir ao DJ para tocar funk.
Quais foram suas influências no início da carreira e atualmente?
Minhas influências continuam praticamente as mesmas. Sempre me espelhei em grandes profissionais que até hoje continuam se atualizando. Aqui, Renato Cecin sempre foi referência pra mim e continua sendo. Dos internacionais, Peter Rauhofer sempre será referência (mesmo sendo uma opção quase óbvia), Abel Aguilera... Isaac Escalante também foi alguém que me inspirou muito, dentre outros.
Como você lida com o desafio de ter que inovar depois de 10 anos de pick-ups?
É um desafio diário e até estimulante. Não consigo ficar parado no tempo. Sou muito inquieto em relação a isso. Necessito me atualizar, renovar e reinventar pra me sentir vivo e o sangue quente na veia. Isso me dá segurança e me faz evoluir. Hoje em dia precisamos estar sempre abertos ao novo sem perder a identidade.
O que tem planejado para este ano ainda?
Esse ano toco pela primeira vez na Europa. Em julho, toco na festa principal da We Party durante a pride de Madrid e em agosto toco no festival Xlsior, em Mykonos. Até o final do ano devo fazer mais uma tour internacional, e por aqui sigo com minha residência na Selection Party e em novembro no Festival Hell & Heaven.
Qual foi a maior lição que você aprendeu neste tempo de carreira?
nunca subestimar a pista, humildade, respeito pela minha profissão, e que a noite, apesar de ser uma festa, não é brincadeira.