O sábado 11 no shopping não foi para comprar artigos. Mas sim, para distribuir reivindicações. Pelo menos para os cerca de cem manifestantes que compareceram a ato contra discriminação sofrida por transexuais em 4 de janeiro no Shopping Center 3, na avenida Paulista. Na ocasião, seguranças do estabelecimento constrangeram um grupo de quatro amigas para que não usassem o banheiro feminino.
Desde o episódio, o shopping soltou nota dizendo que respeita a diversidade e negando que tenha havido a discriminação. Presente no ato deste sábado, a administradora de sistemas e uma das transexuais vítimas da coação, Aline Freitas, disse repudiar a defesa do shopping. "Uma postura cínica deles. Vamos entrar na Justiça! Não vamos aceitar o que fizeram!" Dois advogados do shopping falaram com as vítimas momentos antes do ato, mas afirmaram que não sabiam do ocorrido e só estavam no local para garantir que não houvesse confusão.
O apoio à manifestação veio também de mulheres não transexuais. A integrante do Coletivo Feminista Pagu, da Baixa Santista, atacou o argumento posto pelos seguranças para impedir o uso do banheiro por transexuais. "Sou mulher e não me sinto ameaçada por uma transexual que usa o banheiro. Eles não podem atacar as transexuais falando em nosso nome."
O grupo, por volta das 14h15, entrou no shopping segurando cartazes, batendo panela e palmas e com gritos de guerra contra a transfobia. Atravessou-se a praça de alimentação, lotada de clientes, até a frente do banheiro onde o grupo foi discriminado. Em seguida, Aline leu uma carta. Os manifestantes repetiam as falas em jogral como forma de informar aos clientes do shopping o ocorrido.
Fotografando o ato, a turista Rossana Araújo, do Piauí, deu sua opinião à reportagem: "Respeito. Mas acho certo que elas não usem o banheiro feminino. Falo de promiscuidade, DST. Eu me cuido, não sei elas! Já pensou se pego algo?".