A cartunista Laerte Coutinho falou sobre a demora para assumir sua transexualidade, feminismo e hostilidade que já sofreu da comunidade trans em entrevista ao programa Provoca, da TV Cultura.
"Mulher tem um lugar histórico, social, que é muito claro, muito nítido", disse a artista de 70 anos. "E a população trans, transgênero, tem um lugar que é distinto desse. Mas pessoas trans que se identificam como mulher não têm problema nenhum em haver essa amálgama, essa combinação de interesses, de objetivos e de luta."
E continuou: "Eu já fui hostilizada por pessoas trans também, que ficavam perguntando: 'Cadê o peito? Quando você vai colocar peito?'."
Sobre a transexualidade, assumida aos 59 anos, Laerte ponderou: "Eu fiquei me enrolando por trinta e tantos anos. Eu sabia que eu gostava de homem. (...) Porque eu fiquei assustada com a possibilidade de ser gay, de ser viado, de ser bixa, de ser invertido, sabe? Isso tudo era uma coisa muito assustadora para mim, muito peso".
"Eu não digo (síndrome da) impostora, mas muitas vezes sinto que as pessoas estão me entendendo de uma maneira muito mais generosa do que deviam."
O programa vai ao ar na terça-feira 26 às 22h.