Figura mítica da boêmia carioca e brasileira, Madame Satã tem sua trajetória contada a partir da próxima quinta-feira 8 na Caixa Cultural São Paulo.
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No espetáculo Madame Satã, os mineiros do Grupo dos Dez resgatam a história do malandro e marginal, marcou época na região da Lapa, no Rio de Janeiro, como negro, pobre e homossexual no início do século 20.
Idealizada em 2014, a peça estreou em Belo Horizonte no ano seguinte e ganhou aplausos de críticos e público por onde passou nesses dois anos. Terceira montagem do grupo, a peça dá continuidade a sua pesquisa de linguagem, desenvolvida desde 2008, sobre musicais brasileiros, investigando como a ancestralidade e a corporeidade negras podem contribuir para os espetáculos musicais tipicamente brasileiros.
Escrita por Marcos Fábio de Faria e Rodrigo Jerônimo, a história apresenta Madame Satã antes mesmo dele receber este nome. João Francisco dos Santos foi um dos 18 filhos de uma família pobre e trocado por uma égua. Analfabeto de pai e mãe, como ele costumava dizer, o artista Madame Satã é símbolo da incorporação de elementos da cultura ocidental europeia à malandragem carioca, com caras referências às manifestações africanas.
Com preparação corporal orientada pelo bailarino e ator Benjamin Abras, a corporeidade das danças afro-brasileiras sutilmente torna-se parte do trabalho, tendo como método principal o treinamento para a capoeira angola, o samba de roda, a dança dos orixás e a dança contemporânea. Dos terreiros de candomblé e das rodas de capoeira, deslocam-se os movimentos de origem afro-brasileiros de seus locais originários para o palco, o que dá a eles significados diversos.
Dirigido por João das Neves e Rodrigo Jerônimo, o espetáculo tem direção musical de Bia Nogueira, que conduziu um processo de experimentações sonoras e improvisações de melodias, com bases criadas por instrumentos musicais (harmônicos e percussivos), assim como a elaboração de letras que contribuam efetivamente para a dramaturgia. Neste processo foi erigida a trilha sonora inédita, criada pelos atores do espetáculo.
A montagem - que faz primeira temporada em São Paulo fica em cartaz apenas até dia 18 de quinta a domingo com entrada gratuita. Mais informações você tem em nossa Agenda clicando aqui.
A temporada paulistana inclui duas oficinas e um debate. Confira a programação:
Debate "A Brasilidade nos Corpos"
Com João das Neves e Grupo dos Dez
Quinta, 08/06 após a apresentação
Oficina Corporeidade Negra para Construção de Espetáculos de Teatro Musical Brasileiro
Com Grupo dos Dez e Benjamin Abras
06 a 10/06, de 9h às 13h
Inscrições de 29/05 a 04/06 pelo e-mail [email protected]
20 vagas
Oficina Ação Musical Dramatúrgica
Com Bia Nogueira e Rodrigo Jerônimo
13 a 17/06, de 9h às 13h
Inscrições de 29/05 a 04/06 pelo email [email protected]
20 vagas