Amantes de teatro conhecem bem a premissa de O Beijo no Asfalto, um dos maiores clássicos de Nelson Rodrigues, que virou filme e ganhou os palcos em diversas montagens nas últimas décadas.
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O grupo Pequeno Ato viu no texto oportunidade para discutir homofobia, violência e esse linchamento público a que são submetidas às pessoas na internet sem terem tempo de se defenderem.
Encenada ao livre na Praça Roosevelt e com entrada gratuita, a peça, que estreia neste sábado 12, trata dos transtornos que ocorrem na vida de Arandir, um homem casado, que, no meio da rua, resolve atender ao pedido de outro homem, que acaba de ser atropelado e está morrendo: lhe dar um beijo na boca.
"O texto é muito popular e atual ao discutir política, homofobia, violência policial, abuso de poder, manipulação da imprensa", explica o diretor Pedro Granato. "Eu queria trazer para hoje, para falar dessa lógica de linchamento que acontece a cada dia."
"O tempo inteiro alguém está sendo linchado publicamente pela internet, o uso das 'fakes news' tão utilizadas na politica brasileira, então busquei trazer essa história para esse contexto atual. Acho que todos os elementos que estão na obra estão presentes na rua renovando o olhar da plateia para a cidade", diz Granato.
O espetáculo lida ao mesmo tempo com a cena e o cotidiano ao redor. As escadas são a arquibancada para o público, a cidade - ao entardecer - é o cenário, com os carros passando e os atores revezando-se entre os personagens.
"A própria Praça Roosevelt é um espaço de disputa na cidade. Revitalizada, especialmente pela ação dos teatros, sofre agora um processo de gentrificação e diversas proibições de uso. Ocupá-la com uma obra tão emblemática sobre abusos de poder é resgatar o potencial provocador da obra de Nelson Rodrigues", completa o diretor.
A montagem fica em cartaz aos sábados e domingos, às 16h, até 3 de setembro, no trecho da praça em frente à Rua Augusta. Mais informações você tem em nossa Agenda clicando aqui.
