A transição de uma mulher transexual de 58 anos é o tema de Canela, filme que integra a programação do 29º Festival Mix Brasil de Cultura da Diversidade.
Em cena, está Canela Grandi, arquiteta e professora argentina que indaga os outros a respeito da cirurgia que planeja submeter-se.
Das amigas transexuais a médicos e sua família, Canela tem tantas dúvidas quanto angústias.
Ela mesma não sabe se está preparada psicologicamente para tal mudança e correr o risco de uma operação na sua idade.
As várias semanas que precisará ficar em convalescência é um empecilho técnico: quem a sustentará? Quem a ajudará? Mais do que isso, quem dará suporte à toda a família?
Sim, pois a arquiteta é arrimo de família. Com três filhos e uma neta e uma crise financeira sem fim na Argentina, Canela ajuda a todos. Há ainda sua mãe e sua tia idosas, também dependendes dela.
Ainda que a tensão esteja no ar, Canela lida com a situação da melhor maneira possível: de forma direta, sem rodeios, e com humor.
Canela atravessou mais de quatro décadas trabalhando. Fez-se sozinha e jurou - como conta à sua psicóloga - que jamais deixaria os filhos passarem pelo que passou.
No afã de dar uma vida digna aos filhos, esqueceu-se de si mesma. E, mesmo agora, quando percebe-se correndo atrás do tempo em relação à sua identidade de gênero, a arquiteta ainda sente necessidade de conjugar todos os fatores externos para um desejo tão íntimo e pessoal.
Com sensibilidade, a diretora Cecilia del Valle, mistura documentário e ficção - ao propor sequências para que assuntos sejam discutidos - e tira de sua protagonista momentos que a fazem refletir sobre sua situação e que podem ecoar em entendimento e acolhimento no público.
Canela tem sessão nesta terça-feira 16, às 14h, no Cinesesc.
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