Comédia não-binária, 'Miss França' diverte e faz refletir

Filme francês fala de jovem que sonha em ganhar o maior concurso de beleza do país

Publicado em 15/05/2022
Alexandre Wetter vive homem que quer ser Miss França
Alexandre Wetter intepreta o protagonista da comédia dramática. Fotos: Julien Paniè

Por Marcio Claesen

E se o sonho de um garoto for participar do maior concurso de beleza feminina do país? Esse é o mote de Miss França, filme que estreia na próxima quinta-feira 19 em São Paulo.

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Alex (Alexandre Wetter) é um jovem de 24 anos morador de Paris que não teve, até agora, uma vida fácil. Ficou órfão ainda criança, foi enviado a um lar adotivo, trabalha como ajudante em um ringue de boxe e vive uma pensão.

Quando revê o bonitão Elias (Quentin Faure), que parece ter sido para ele muito mais que um amigo de infância, Alex percebe o quão distantes suas trajetórias seguiram e que está na hora dele ser alguém.

O jovem, então, conta com ajuda dos moradores e amigos da pensão ao anunciar que pretende ser a nova Miss França. Cada um o auxilia como pode e Alex vence a etapa regional, e se torna a Miss Île-deFrance, região administrativa que engloba a capital francesa.

Nos preparativos para a etapa final do desafio, Alex passa a descobrir e mostrar outros lados de sua personalidade e o conflito com sua identidade de gênero sobressai-se ainda mais.

Miss França

Miss França, mostra, assim, que não se trata apenas de um filme sobre o sonho de vencer, mas, sobretudo, por tentar se achar no mundo. 

Alex assumiu uma personalidade feminina para se destacar, mas ele não se sente homem nem mulher e se questiona em meio a um turbilhão de sentimentos que se desenrola por causa da maratona de tarefas exigidas pelo concurso.

O longa do franco-belga Ruben Alves não economiza nos clichês - há a família disfuncional formada pelos moradores da pensão, a infância traumática, as concorrentes traiçoeiras - mas os personagens são tão cativantes que torna-se prazeroso assistir à essa comédia dramática.

Vale destacar o brilho de Alexandre Wetter, indicado, pelo papel, a melhor revelação masculina no César 2021 (espécie de Oscar francês). Ele já era consagrado nas passarelas como modelo andrógino.

O diretor acertou ao concentrar no olhar de Wetter muitas das emoções das cenas. Com diálogos, em geral, curtos, as sequências chegam ao ponto certo graças à consisão do roteiro aliada à expressividade do ator.

Por fim, Miss França fala de beleza, envelhecimento, aceitação e diversidade de maneira leve que faz o público refletir mas também se divertir e se emocionar.

Longa francês de Ruben Alves, Miss França

 

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