Por Marcio Claesen
E se o sonho de um garoto for participar do maior concurso de beleza feminina do país? Esse é o mote de Miss França, filme que estreia na próxima quinta-feira 19 em São Paulo.
Alex (Alexandre Wetter) é um jovem de 24 anos morador de Paris que não teve, até agora, uma vida fácil. Ficou órfão ainda criança, foi enviado a um lar adotivo, trabalha como ajudante em um ringue de boxe e vive uma pensão.
Quando revê o bonitão Elias (Quentin Faure), que parece ter sido para ele muito mais que um amigo de infância, Alex percebe o quão distantes suas trajetórias seguiram e que está na hora dele ser alguém.
O jovem, então, conta com ajuda dos moradores e amigos da pensão ao anunciar que pretende ser a nova Miss França. Cada um o auxilia como pode e Alex vence a etapa regional, e se torna a Miss Île-deFrance, região administrativa que engloba a capital francesa.
Nos preparativos para a etapa final do desafio, Alex passa a descobrir e mostrar outros lados de sua personalidade e o conflito com sua identidade de gênero sobressai-se ainda mais.
Miss França, mostra, assim, que não se trata apenas de um filme sobre o sonho de vencer, mas, sobretudo, por tentar se achar no mundo.
Alex assumiu uma personalidade feminina para se destacar, mas ele não se sente homem nem mulher e se questiona em meio a um turbilhão de sentimentos que se desenrola por causa da maratona de tarefas exigidas pelo concurso.
O longa do franco-belga Ruben Alves não economiza nos clichês - há a família disfuncional formada pelos moradores da pensão, a infância traumática, as concorrentes traiçoeiras - mas os personagens são tão cativantes que torna-se prazeroso assistir à essa comédia dramática.
Vale destacar o brilho de Alexandre Wetter, indicado, pelo papel, a melhor revelação masculina no César 2021 (espécie de Oscar francês). Ele já era consagrado nas passarelas como modelo andrógino.
O diretor acertou ao concentrar no olhar de Wetter muitas das emoções das cenas. Com diálogos, em geral, curtos, as sequências chegam ao ponto certo graças à consisão do roteiro aliada à expressividade do ator.
Por fim, Miss França fala de beleza, envelhecimento, aceitação e diversidade de maneira leve que faz o público refletir mas também se divertir e se emocionar.
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