Por Marcio Claesen
Todos sabemos como é sentir um primeiro amor. O coração pula do peito, os olhares que não conseguem se deviar, a vontade de ficar perto, as sensações inéditas por causa de algo que não se sabe bem o que é. Esse é o ponto inicial de Boys, longa de Mischa Kamp, que estreia nesta quinta-feira 3 em São Paulo.
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No interior da Holanda, acompanhamos a rotina de Sieger (Gijs Blom), jovem de 15 anos que se dedica ao atletismo como atividade extracurricular. Com bons tempos, Sieger e seu melhor amigo são convidados a participar da equipe de revezamento quatro por quatro do colégio e neste momento surge Marc (Ko Zandvliet), um dos dois novos atletas que os dois terão de conviver nas próximas semanas.
Não demora e Sieger percebe os olhares cheios de curiosidade e interesse de Marc e algo nele começa a florescer. Ao contrário da letra da música da Madonna, o amor passa a morar ali. Mas assim como ocorre com muitos gays, a primeira paixão vem acompanhada de um cartaz gigante escrito angústia.
A maior qualidade de Boys reside justamente em seu maior defeito. Afeito a um modelo em que os longas com inícios idílicos ganham, depois de 15, 20 minutos, um grande impeditivo para o desenvolvimento do romance, o público verá, nessa história, mais uma vontade de se debruçar sobre o começo de uma paixão do que de obstaculizá-la. Em resumo: há um conflito, sim, mas ele teima em surgir. Poderia/deveria chegar antes? Sim, mas é um prazer se ver em mares (ou lagos, no caso do filme) menos explorados, que te surpreendam.
É por meio de Eddy (Jonas Smulders), seu irmão mais velho, que Sieger verá o preço de sua crescente paixão ser cobrado. Rebelde e com contendas com o pai, Eddy deixará uma porta aberta para que o irmão participe mais de sua vida quando o garoto descobre um segredo seu. É a chance de Sieger de se aproximar e conviver mais com o irmão, mas para isto ele terá qiue encampar uma realidade heteronormativa. Será que ele está disposto a pagar esse preço?
