Quem disse que só de drag queens se baseia a nova cena musical LGBT brasileira? O duo Alencastro prova que a atitude masculina também dá às caras por aqui.
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Ao Guia Gay São Paulo, Eduardo Wurster (o Dudu W) e Rodrigo Massot falaram sobre suas influências, sua posição no atual cenário musical e novos lançamentos. O mais recente clipe da banda, Foi Bom Enquanto Durou, integra o segundo álbum, Autobahn Tietê (2017).
Quando a banda foi formada? Vocês são de São Paulo?
O Alencastro existe desde o final de 2015 e foi formado por meio de um amigo em comum que tínhamos, que no início também fez parte da banda mas depois saiu. Nós somos de São Paulo e moramos aqui.
Quais artistas mais os influenciaram, dentre nomes nacionais a internacionais?
Temos influências de diversos gêneros musicais. O Dudu W tem como maior inspiração o Frank Zappa e artistas da música clássica (como Beethoven e Bach), rock e metal (desde Jimi Hendrix e Queen até Rammstein), jazz (como Miles Davis, Wes Montgomery e Sun Ra), música contemporânea e experimental (como Arnold Schoenberg, György Ligeti, Iannis Xenakis e Karlheinz Stockhausen). E da música nacional o que o Dudu mais gosta de ouvir é o Hermeto Pascoal.
O Rodrigo tem como grande inspiração artistas do universo pop (Madonna, Michael Jackson e muitos outros), hip hop e R&B (2PAC, Biggie, Nas) e artistas nacionais como os Novos Baianos, Ney Matogrosso, Carmen Miranda. Também é bastante influenciado por estilos musicais do oriente, como a música árabe e indiana.
Como vocês veem a cena LGBT musical? São as cantoras ou cantores com suas personas drags que mais arrebatam o pop. Como é se inserir nesse universo tão feminino?
Atualmente a cena LGBT musical, especialmente nacional, está de parabéns e se tornando cada vez mais importante. A voz LGBT está no mainstream, e isso é um conquista. Sim, o feminino está com muita força na cena musical nacional, especialmente para o público LGBT, e sentimos que existe uma lacuna a ser preenchida por artistas homens, abertamente gays e que possuam uma imagem masculina.
A preferência atual pelo feminino pode ser por causa de questões mercadológicas da indústria musical. É um desafio se inserir nessa cena atual sendo uma dupla de homens, mas também vemos como um grande diferencial, especialmente porque somos formados por um heterossexual e um homossexual.
Acreditamos que a música deve ser para todos, independente de questões de gênero ou preferência sexual, como é o caso da Pabllo Vittar que possui músicas com as quais pessoas de todas as preferências sexuais e gêneros podem se identificar, uma vez que as letras se tratam de sentimentos e situações que se aplicam a todos. Mas também vemos a música como um meio de libertação e expressão.
Aliás, como é a relação de vocês com outros nomes? Há contato, amizade? Possíveis projetos juntos?
Conhecemos alguns artistas da música nacional e da cena LGBT, nos damos bem e estamos sempre abertos a parcerias musicais e artísticas. No momento não possuímos parcerias com outros artistas, mas como dissemos, estamos abertos a parcerias.
Como são pensados os figurinos de vocês? O Rodrigo aparece com um estilo meio fetichista. De onde veio essa pegada?
Vestimos o que da vontade de vestir naquele momento ou fase da vida. O fetiche está no olho de quem vê, porém essa nunca foi a intenção, simplesmente vestimos o que queremos vestir. O visual é uma forma de expressão de personalidade.
Onde vocês costumam se apresentar, é mais na cena LGBT?
Nós nos apresentamos em locais LGBTs ou não, pois a música é para todos e não pode discriminar o ouvinte. Amamos todos igualmente pois somos todos humanos no final, porém temos um carinho especial pela cena LGBT.
Quais são os planos para este ano?
Este ano pretendemos continuar lançando músicas que toquem o coração das pessoas e as proporcionem momentos de alegria, descontração, diversão, entretenimento e reflexão. Estamos prestes a lançar nosso novo single e estamos trabalhando no nosso novo vídeo clipe [da faixa Eu Quero Rebolar] Ainda, estamos trabalhando em um novo álbum que abrange gêneros e estilos musicais diferentes do que apresentamos até então.
