Nascida em Ubatuba, no Litoral Norte de São Paulo, Thifany Félix tem 48 anos é candidata a deputada estadual pelo PMB por São Paulo.
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Mulher transexual e heterossexual, Thifany conta que por causa da transição de gênero perdeu emprego e quase foi impedida de terminar um curso de auxiliar de enfermagem, em 2005.
"Foi então que resolvi me dedicar mais pelo reconhecimento da letra T da sigla LGBT", diz. Ela revela que concorreu duas vezes ao cargo de conselheira tutelar em 2012, pelo PT, ao qual era filiada, e foi barrada pelo partido.
Em 2014, segundo Thifany, sua candidatura a deputada estadual foi impugnada por displicência do PSB. Já em Caraguatatuba, onde vive até hoje, disputou a eleição como prefeita pelo Psol, em 2016.
"Fui a primeira transexual no Estado de São Paulo e uma das primeiras do Brasil concorrer ao cargo de prefeita", relembra. Ela diz que também sofreu resistência no partido e não teve atenção nem ajuda de custo durante a campanha.
Thifany é presidente do Fórum LGBT do Litoral Norte Paulista, integra o Conselho Municipal das Pessoas com Deficiência em Caraguatatuba e é presidente provisória da comissão executiva do PMB-Caraguatatuba.
O Guia Gay São Paulo conversou com Thifany sobre suas propostas:
O Brasil é um dos países mais avançados do mundo em relação à proteção e legislação pró-LGBT mas ainda há desafios para a cidadania arco-íris. Quais suas propostas para que São Paulo avance nesta questão?
Pretendo expandir para os municípios ou microrregiões do Estado ambulatórios de atendimento e centro de acolhimento às travestis e transexuais.
Também quero melhor e ampliar o projeto Transcidadania de São Paulo para municípios de todo o Estado.
Atuando nesses dois pontos, teremos a socialização de travestis e transexuais, dando a elas mais dignidade e oportunidade de concorrer ao mercado de trabalho formal ou informal e mais segurança, diminuindo a marginalidade e prostituição nas ruas.
Quais são seus projetos para a população paulista em geral?
Promover a segurança, valorização e cursos de capacitação aos professores do Estado e acabar com a aprovação de alunos baseada em presença em sala de aula, com exceção aos alunos especiais.
Outra proposta é promover incentivo financeiro aos nossos cientistas para pesquisas e, quem sabe, curar doenças que assustam a Humanidade, como câncer e HIV.
Percebo que com o investimento nesses dois setores, colheremos bons frutos no futuro, pois um Estado com ensino de qualidade, amparado por excelentes profissionais, será, com certeza, um Estado que saberá se prevenir de vários fatores, na questão financeira e na saúde, e trará mais conforto à população, reconhecimento e investimento para o nosso País.
Votar em você é ajudar a eleger pessoas do seu partido e da sua coligação. Quais são esses partidos? Qual o compromisso deles com a cidadania LGBT?
Não costumo responder pelos partidos, respondo por mim, pois tive vastas experiências de partidos ditos defensores e comprometidos com a cidadania LGBT que me decepcionaram muito.
A princípio, devemos votar pelo candidato e não pelo partido, pois uma vez eleito um candidato de caráter, ele jamais aceitará imposição de partido algum.
No meu histórico político, quem me acompanha verá que sempre honrei com o meu compromisso, tanto com a população LGBT, como qualquer segmento que me proponho a defender ou até mesmo com partidos que estive filiada.
Posso garantir que pelo menos até o momento não tenho reclamações do PMB e está sendo um partido acolhedor e tratando LGBT com muito respeito. Nossa coordenadora LGBT é uma mulher trans e temos duas presidentes municipais também transexuais e estamos abertos a diálogos na defesa das LGBT.
Essa entrevista faz parte de série do Guia Gay São Paulo com candidaturas de LGBT. O objetivo é dar visibilidade as suas propostas, partidos e coligações de forma a colaborar com a decisão do segmento arco-íris e simpatizantes na hora do voto.