O cozinheiro Erick Witzel, de 24 anos, ficou famoso após o pai, o governador eleito pelo Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), expor em entrevistas que tem um filho transgênero.
Curta o Guia Gay São Paulo no Facebook
Erick, que cortou relacionamento com o pai após esta exposição, diz que se inspira na vereadora assassinada Marielle Franco.
"Quando Marielle morreu, eu a conhecia só de nome. Depois do assassinato, eu pesquisei mais sobre a vida dela e me encantei. Assistindo à esposa dela falando, chorei um dia inteiro. Pela primeira vez me senti absolutamente representado. Fiquei chateado por não ter participado mais ativamente disso tudo", contou Erick ao UOL.
"Sempre fui muito receoso, me expunha pouco. Hoje, vejo o quanto era infeliz por não levantar essa bandeira. Meu amigo, eu sou a bandeira que eu represento. Levantar a minha bandeira é me levantar. Com a morte da Marielle eu entendi isso."
O cozinheiro, que trabalha em um restaurante na Zona Sul do Rio de Janeiro, pediu três semanas de afastamento para colocar a cabeça em ordem.
Ele diz que ficou chocado ao ver o pai no ato em que o deputado estadual eleito Rodrigo Amorim (PSL) destruiu uma placa com o nome de Marielle.
"Naquele momento pensei: 'eu perdi o meu pai. Qualquer resto de humanidade dele se perdeu ali'. Foi uma violência. Foi como se eles rasgassem a luta de todas as minorias pelas quais Marielle lutou", disse.
Erick revelou que via o pai cerca de três vezes ao ano, trocavam mensagens de celular e que Wilson jamais deu a mesma atenção a ele que aos outros irmãos.
No entanto, Erick afirma que o governador eleito respeitou sua transição de gênero. "Na única vez que conversamos sobre esse assunto, ele, vendo as minhas mudanças corporais, perguntou como eu gostaria de ser chamado. Respondi que, dali em diante, meu nome era Erick, e ele respeitou."
Erick namora uma produtora cultural e disse que vai usar da exposição que teve para lutar por direitos LGBT, inclusive durante o governo de seu pai. "Ele [o pai] disse que preservaria a família e que seria contra a ideologia de gênero. Acho que vai haver uma caçada à população LGBT. Vamos ocupar as escolas, universidade e espaços públicos para mostrar que as pessoas podem ser o que elas quiserem."