O filósofo Luiz Felipe Pondé não polpou adjetivos negativos à proposta de uso da linguagem não-binária. No programa Linhas Cruzadas, da TV Cultura, na quinta 25 de março, o pensador qualificou a ideia de coisa de rico, autoritária, fruto de surto, modismo e histérica.
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A atração, apresentada pela jornalista Thaís Oyama, foi dedicada ao que foi chamado de "O enlouquecimento da linguagem".
Já nos primeiros segundos do programa, Thaís perguntou se o uso de gênero neutro seria inclusividade ou autoritarismo. "A gente já está numa batida meio autoritária", respondeu Pondé.
E continuou momentos depois: "É bom ser inclusivo, mas a gente está, às vezes, beirando a radicalização".
Frente a exemplos de uso de palavras tais como elu e ile, o filófoso situou essa preocupação como algo de quem tem dinheiro.
"Essa é uma discussão de rico. Quando eu digo que é uma discussão de rico, não quero dizer que não existam pessoas não sejam ricas que não sofrem com isso. Quando digo que é uma discussão de rico é no sentido de que para essa discussão acontecer você precisa ter uma certa constitução material ou social em que as pessoas acendam a essa preocupação."
Após ser exibida gravação de Rosa Laura, ativista que explica a linguagem não-binária, o filósofo falou de imposição.
"Quando ela fala que a língua é um sistema vivo, ela tem razão. Só que ele é provido de uma vida que a gente não sabe direito como funciona. E o discurso dela tem todas características de um discurso autoritário, lembra muito a novilíngua."
O programa explicou o termo. Novilíngua é idioma fictício criado pelo governo hiperautoritário na obra literária '1984', de George Orwell.
A respeito do futuro da proposta, Luiz Felipe se mostrou em dúvida se o "modismo", como qualificou, vai pegar ou não, mas ele não descarta que em breve alguém possa sofrer condenação na Justiça por não usar palavras não-binárias.
A escola, para ele, é ambiente que pode ajudar a disseminar a adoção do sistema. Mas, reforça, nada é certo.
O estudioso também condenou os graves episódios de discriminação e até de morte que afetam, por exemplo, transexuais, mas tratou o foco na linguaguem como extrapolação e um surto.
Ao fim, pedido por Thaís para definir a linguagem em uma só palavra, o filósofo foi direto: "Histeria".
Veja o programa: