Sim, o vale é lindo, é colorido, tem banheirão, muitos shows de drag queens e tours de divas gays, mas não é céu! Há treta sim!
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E 2018 foi prova disso. Uma prova bem eclética! Houve choque de monstros na cultura, religião e, que surpresa, na política!
Relembre 5 momentos que não teve nada de ninguém não larga a mão de ninguém! Foi guerra de glitter! Pegue sua pipoca!
Gisberta e Luís Lobianco
Após temporada de sucesso no Rio de Janeiro, Lobianco não teve recepção calorosa em BH, em janeiro, com a peça Gisberta. O movimento trans achou uma afronta um espetáculo que falava de uma pessoa trans sem uma trans no palco.
O ator não interpretava a transexual, apenas contava sua história, que, aliás, era desconhecida da grande maioria dos brasileiros até ele ter a ideia de produzir a peça ao ouvir a canção Balada para Gisberta, gravada por Maria Bethânia.
O caso dividiu opiniões entre a comunidade e foi o estopim no País para que se discutisse se apenas trans devem interpretar trans em peças, filmes e novelas.
LGBT pró-Bolsonaro
Com histórico de declarações homofóbicas no currículo, o presidente eleito Jair Bolsonaro ganhou o repúdio da maioria da comunidade LGBT durante todo o processo eleitoral. Mas maioria não significa todo mundo.
Antes do primeiro turno, o proprietário da sauna e hotel gay de São Paulo 269 Chilli Pepper, Douglas Drumond, causou comoção nas redes ao dizer que se os dois finalistas fossem Bolsonaro e Fernando Haddad (PT), como de fato foram, ele preferiria o primeiro.
Ainda mais longe foram os maquiadores Agustin Fernandez (foto acima) e Lili Ferraz e o cantor Netinho que foram ao Rio de Janeiro para fazer fotos e gravar vídeos ao lado de Bolsonaro.
Eles não estavam sozinhos. Pesquisa do Datafolha, antes do segundo turno, apontou que 29% de LGBT iriam votar no militar.
RuPaul e as drags trans
Drag queen mais famosa do mundo, RuPaul explicou porque a arte drag deve ser feita apenas por homens. Para ela, perde-se o sentido de perigo e de ironia se não for um homem fazendo drag.
A parte mais polêmica, entretanto, foi quando a artista disse que provavelmente não aceitaria em seu reality uma participante que tivesse passado pela transição de gênero, ou seja, uma transexual.
O barulho foi grande e choveram críticas à sua declaração. RuPaul, então, pediu desculpas e disse que as trans são heroínas.
O "ex-gay" Mateus Carrilho
Vários gays ou bissexuais têm se assumido afirmando que detestam rótulos e que gostam de "pessoas". Alguns, que já eram assumidos, fazem uma espécie de "segundo outing" para esclarecer seu novo status.
Ex-vocalista da Banda Uó, Carrilho disse a um seguidor que já se considerou gay, que se "desconstruiu" e que somos "mais que uma coisa só".
Tanto bi como homossexuais sentiram-se agredidos com a afirmação do cantor. Afinal, por que não dar nome aos bois e dizer que e, já que sente atração por homens e mulheres, dizer que é bissexual e ajudar a dar visibilidade à comunidade bi?
Ao mesmo tempo, afirmar que se "descontruiu" e que hoje gosta de também de mulheres não é nada muito diferente dos discursos de evangélicos intolerantes que pregam a "cura gay". Se todos pudéssemos nos "desconstuir", poderíamos "virar" héteros e ter famílias de comercial de margarina como prega a sociedade conservadora, não?
Johnny Hooker e o 'Jesus travesti'
No Festival de Inverno de Garanhuns, em Pernambuco, o cantor se pronunciou contra o veto ao espetáculo O Evangelho Segundo Jesus Cristo, que retrata Cristo como uma travesti.
Durante seu show no evento, Hooker protestou gritando frases como "estou aqui hoje para dizer que Jesus é travesti, sim" e "Jesus é bicha, sim, porra", além de pedir que a plateia gritasse em coro "Jesus é travesti".
O protesto não foi bem aceito por muitos héteros nem por LGBT, que viram nas falas desrespeito e provocação desnecessária. Menos de um mês depois, o cantor recebeu ameaças de morte e teve sua participação na parada LGBT de Teresina cancelada. A marcha precisou ser adiada em uma semana para que se colocasse Pabllo Vittar no lugar de Hooker.