Por cinco votos a quatro, o Conselho de Ética da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) suspendeu o mandato do deputado Fernando Cury (Cidadania) por 119 dias.
Cury foi julgado por ter tocado a lateral dos seios da deputada Isa Penna (Psol) em dezembro no plenário da Casa.
Na sessão virtual do conselho, nesta sexta-feira 5, todos os integrantes concordaram que Cury deveria ser condenado, mas divergiram quanto à punição.
Quatro dos deputados seguiram o voto do deputado Wellington Moura (Republicanos) e formaram maioria - Adalberto Freitas (PSL), Delegado Olim (PP), Alex de Madureira (PSD) e Estevam Galvão (DEM).
Há dois dias, o relator do caso, o deputado Emídio de Souza (PT) sugeriu que Cury fosse afastado por seis meses. Seu voto foi seguido por Maria Lúcia Amary (PSDB), Barros Munhoz (PSB) e Erica Malunguinho (Psol).
Abertamente bissexual, Isa Penna pedia a cassação do deputado. Em suas redes sociais, a parlamentar criticou a sugestão de Moura - que acabou vencendo - que inclui pagamento normal de todos os assessores de Cury, enquanto este estiver afastado.
"É inadmissível o deputado Wellington Moura oferecer 'férias' de 119 dias para Cury, e um gabinete inteiro em funcionamento sendo pago com dinheiro público! Isso se chama PRESENTE por assediar alguém", postou Isa.
É inadmissível o deputado Wellington Moura oferecer "férias" de 119 dias para Cury, e um gabinete inteiro em funcionamento sendo pago com dinheiro público! Isso se chama PRESENTE por assediar alguém.
— Deputada Isa Penna #VacinaJá (@IsaPennaPsol) March 5, 2021
Única deputada transexual da Alesp, Erica Malunguinho criticou a decisão e fez alusão ao voto de Alex Madureira, que além de deputado é pastor da Assembleia de Deus.
"Foi o voto de um pastor q se diz misericordioso, mas q nunca assim o foi com LGBTs. Q, ao invés de dar um punição exemplar, votou por uma licença p o condenado por importunação sexual Fernando Cury. A sociedade deve se encarregar de fazer o q a @AssembleiaSP não fez. Revoltante!", escreveu.
Foi o voto de um pastor q se diz misericordioso, mas q nunca assim o foi com LGBTs. Q, ao invés de dar um punição exemplar, votou por uma licença p o condenado por importunação sexual Fernando Cury. A sociedade deve se encarregar de fazer o q a @AssembleiaSP não fez.
— Erica Malunguinho (@malunguinho) March 5, 2021
Revoltante!
Para que a decisão do conselho seja efetivada, é necessário que a maioria dos deputados, em plenário, a ratifique. A previsão é que ocorra até dia 15.
Cury defende-se que fez apenas um "gesto de gentileza" ao tocar a deputada. Ele foi afastado de seu partido em 18 de dezembro e é alvo de investigação criminal, pelo mesmo motivo, pelo Ministério Público de São Paulo.