Homenagem ao ator Paulo Gustavo, morto este mês devido à covid-19, causou revolta no movimento LGBT de Niterói (RJ) e mereceu até nota de rejeição feita por entidade ativista nacional. Do outro lado, o governo estadual, responsável pela iniciativa, defende-se e acusa coletivos de mentir.
Curta o Guia Gay São Paulo no Facebook
Em 17 de maio, Dia Internacional contra Homofobia, foi anunciado pelo gestão estatal que o serviço Centro de Cidadania LGBT Metropolitana Leste I, localizado na cidade natal do artista, passaria a se chamar Centro de Cidadania LGBT Paulo Gustavo.
A notícia gerou notas de repúdio de ativistas. O argumento é que o local tinha o nome de Alexandre Ivo, jovem gay de 14 anos assassinado em junho de 2010 em São Gonçalo, Região Metropolitana do Rio, e patrono do centro LGBT.
Em nota pública, o Grupo Cores da Vida falou inclusive de desrespeito à família de Alexandre.
"[A mudança] é o apagamento da memória de Alexandre Ivo, que além de ter sido retirado da placa oficial, não tiveram [sic] o cuidado de convidar sua família ou movimentos sociais da cidade, que inclusive lutam pela memória daqueles que foram vitimados pela LGBTIfobia."
E foi além: "Depois que fizemos uma denúncia pública, passamos a ouvir malabarismos políticos na tentativa de justificar esse absurdo que a nosso ver não passa de oportunismo flagrante e de muito mau gosto."
O coletivo afirma que enquanto grande letreiro com o nome de Paulo Gustavo foi instalado e pintura com o rosto do ator foi feita em parede ampla, a placa com nome de Ivo ficou fora das vistas do público.
A Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (ABGLT) também fez declaração sobre o episódio qualificando-o como triste disputa de visibilidade entre Alexandre e Paulo Gustavo.
"É cruel usar um de nós para fazer apagamento de outro. Fica aqui nosso repúdio a este ato inadmissível da atual gestão, e o nosso total apoio à família de Alexandre."
O programa Rio sem LGBTIfobia, que administra o serviço, chamou de mentirosas as afirmações das entidades ativistas.
Em nota intitulada "Alexandre Ivo presente... Sempre presente", a gestão afirmou que o nome do local nunca foi o do jovem, que era apenas patrono, e que a placa em homenagem a ele continua visível.