A morte do jovem Leonardo Rodrigues Nunes, de 23 anos, possivelmente atraído para emboscada na zona sul de São Paulo virou assunto dentre os gays e fez com que outros casos semelhantes viessem à tona.
Uma thread no X (antigo Twitter) feita pelo perfil "pepeu" elencou outras situações com mesmo modus operandi: pessoas com perfis falsos em apps gays que atraíram - ou tentaram atrair - gays para uma rua específica do Sacomã.
O publicitário Hilário Júnior quase foi uma das vítimas. Numa madrugada de março, ele conversou com um homem que se passava por estadunidense.
Desconfiado, ele fez buscas pela foto do homem e também pelo endereço passado a ele. O homem insistia que lhe pagaria uma corrida pelo Uber para ele ir até lá.
Quando o bate-papo migrou para o WhatsApp, ele notou que a foto do perfil havia sido tirada em São Francisco, nos Estados Unidos, mas do outro lado a pessoa insistia que era de uma academia em São Paulo da mesma rede, que não existe no Brasil.
A pessoa não respondeu a chamada de vídeo para mostrar o rosto e ele não foi ao seu encontro. Após o post viralizar, alguém achou o verdadeiro dono das fotos. Era de brasileiro que vive em São Francisco e não sabia que estavam se passando por ele.
Já o dono do perfil "a não sou" não teve a mesma sorte.
"O bofe passa wpp, oferece pagar uber e qnd vc chega lá o endereço n existe jamais vai sair da minha cabeça o som da bala na minha direção", relatou.
Ele voltou do encontro com vida, mas com trauma. "Eu passei o dia ocupando a cabeça com minha vida profissional, aliás passei semanas tentando me 'distrair' mas td veio a tona dnv a mesma região, eu travei no chão no dia e só n foi pior pq eu caí qnd escutei o tiro uma moça gritou e me acolheu, se n era pra esse post ser sobre eu."
Ele conta que conheceu o suspeito no mesmo aplicativo usado por Leonardo, o Hornet.
Outra vítima foi o dono do perfil "baby prince". Ele lembra que o encontro foi marcado na mesma via em que Leonardo morreu, Rua Rolando, no Sacomã, em 31 de março.
A vítima relata que avisou ao suspeito, ainda dentro do carro do Uber, por mensagem, que havia chegado.
"Disse que ia descer pra me encontrar, e daí foi o tempo de virar uma moto na rua com dois caras. Um deles armado que já me apontou a arma e me abordou."
Ele continua: "Fizeram eu falar a senha do meu celular, e levaram minha pochete com tudo que eu tinha. Além disso eles mudaram a senha do meu ICloud e gastaram no meu cartão. Eu sigo traumatizado com isso até hoje, não quis mais saber de nenhum app e não tive nenhum respaldo da justiça ou app."
Ele diz que ao ser ajudado na rua por algumas mulheres, elas lhe disseram que dias atrás outro rapaz havia ido encontrar "amigo" naquele mesmo endereço e também foi roubado.
"Eu ainda tô encabulado com essa situação pois tinham grandíssimas chances de ser eu no lugar de Léo, é isso me assusta muito."
Outra vítima foi o dono do perfil "gugas". O endereço também era no Sacomã.
"Cheguei no local e não existia casa nenhuma, vieram dois caras armados numa moto e me roubaram", escreveu sobre episódio vivido há três meses.
A vítima diz que a moça que o acolheu após o assalto lhe disse que houve caso parecido dias atrás.
Um outro relato partiu do perfil "Princess do Rebu". Ele diz que o encontro foi marcado em 23 de dezembro do ano passado num bairro próximo à favela de Heliópolis, que também fica na região do Sacomã.
"Vieram na minha direção me rendendo me apontando uma arma, escondi o celular, desceram e começaram a me apalpar estava resistindo foi quando um deles me deu uma coronhada na cabeça, começou a sangrar muito muito e entrei em estado de choque, juro!", recordou.