A RecordTV recebeu críticas tanto nas redes sociais quanto de jornalistas por reportagem de tom alarmista chamada "Ideologia de gênero nas escolas" no Domingo Espetacular do último dia 22.
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Conduzida pela repórter Fabiana Oliveira, a matéria teve tom sensacionalista e parcial - o que vai contra os princípios jornalísticos.
O termo "ideologia de gênero", repetido nove vezes na reportagem, é usado com frequência por conservadores - incluindo o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e seus seguidores - para criticar principalmente debate sobre diversidade sexual e de gênero nas escolas.
Fabiana chamou esse debate de "imposição" feita a crianças a partir de quatro anos de idade e deu juízo de valor ao afirmar que o resultado não tem sido positivo em vários países.
Dentre os entrevistados, a jornalista conversou apenas com quem corrobora com a ideia de que essa discussão é prejudicial aos pequenos. Nenhuma entidade de classe científica foi ouvida.
A matéria mostra inúmeros comentários da mesma psicóloga (Alessandra Amorim) e do mesmo psiquiatra (Rômulo Bioza) e uma entrevista com um ativista trans (Scott Newgent), que dá a entender que se defende prescrição de hormônios a crianças.
Fabiana conclui que o Brasil está péssimo nos indicadores internacionais de educação e que "a escola deve se preocupar com isso" e não com debate sobre gênero.
O jornalístico dá a entender que o debate transforma crianças em trans e que isso é prejudicial também pelo fato de o segmento ter altos índices de depressão. Não é falado sobre o peso do preconceito nesse quadro.
Jornalista de televisão da Folha de S.Paulo, Cristina Padiglione se disse "chocada", em suas redes sociais, com o "viés negativo, terrorismo puro" da reportagem. "É Domingo Espetacular ou Fala que Eu Te Escuto?", ironizou, comparando a revista dominical com o religioso de autoajuda.