Ato denuncia violência de PM contra travestis no centro de SP

Polícia Militar diz que foi chamada por obscenidade em via pública e que haverá apuração sobre possíveis abusos por parte da corporação

Publicado em 12/10/2017
Ato na República vai denunciar truculência da polícia contra travestis
Travestis teriam sido tratadas por nome civil e levadas à delegacia

Nesta sexta-feira 13 às 17h a Praça da República será palco de ato em apoio a travestis presas na região no último dia 5.

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O Coletivo Arouchianos, que organiza a manifestação, afirma que naquele dia, a Polícia Militar, sob o comando do Sargento Pires (também conhecido como Bigode), abordou de forma vexatória e prendeu nove travestis próximo à praça e ao Largo do Arouche.

Os policiais as teriam revistado com luvas, "caracterizando estupro, pois, são mulheres", e "trataram as travestis com o nome civil (desrespeitando a Lei 10.948/01)", afirma o coletivo no evento aberto no Facebook.

A abordagem teria sido com "truculência" e "abuso de poder" e a prisão por "prostituição", o que não caracteriza crime no Brasil. Uma vez na 3ª DP, a acusação contra as mulheres teria mudado para "resistência/desacato".

"Nós, do #ColetivoArouchianos, atuantes na região, em conjunto com diversas outros movimentos sociais que militam e apoiam a causa LGBT, repudiamos veementemente a perseguição/caça à população LGBT+HQIAP na região, principalmente contra as travestis e mulheres transexuais", diz o convite ao ato.

O Guia Gay São Paulo entrou em contato com a Polícia Militar, que respondeu por meio de sua assessoria de comunicação. Segundo a PM, uma instituição de ensino na região fez a denúncia contra as travestis por "comportamento obsceno" em via pública. Na aproximação, elas teriam se recusado a mostrar os documentos e por isso foram levadas à delegacia. Uma investigação está sendo feita para apurar se houve abuso dos policiais.

Leia, na íntegra, a nota da PM:

"O 7°BPM/M instaurou IPM (Inquérito Policial Militar) para apurar se houve algum tipo de abuso na ação praticada pelos policiais militares. O caso também será investigado pela Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (DECRADI).

É importante ressaltar que a abordagem é uma ferramenta de prevenção e necessária para a retirada de infratores da lei do convívio social. Em relação ao caso, na última quinta-feira (5), houve uma solicitação via 190 por parte de uma instituição de ensino da região, devido a comportamento obsceno que estaria sendo praticado em via pública. As partes envolvidas se recusaram a fornecer documentação ou mesmo colaborar com as determinações legais, o que fez com que fossem conduzidas para o 3°DP, onde foi registrado boletim de ocorrência de ato infracional, resistência e abuso de autoridade."


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