O tema da 19ª Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, marcada para 7 de junho, foi resumido pela entidade organizadora, a Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo (APOGLBT), como afirmação da alegria de ser quem se é.
Entretanto o que dominou a coletiva de imprensa de anúncio da programação, realizada na segunda 19, não foi o slogan "Eu nasci assim, eu cresci assim, vou ser sempre assim: respeitem-me!", mas sim as acusações da ONG contra a Prefeitura de São Paulo.
O foco das críticas foi a diminuição do valor de R$ 1,8 milhão investido pela prefeitura em 2014 para R$ 1,3 milhão neste ano. Como resultado, o órgão municipal não apoiará a 14ª Feira Cultural, no Vale do Anhangabaú, na quinta-feira 4, e não custeará o camarote na Avenida Paulista, que recebia convidados e autoridades.
Diretor da associação, Nelson Matias Pereira foi o porta-voz da insatisfação da entidade contra o coordenador de Políticas LGBT da prefeitura paulistana, Alessandor Melchior, presente no evento.
O gestor atribui a redução a diversos fatores. "Havia a previsão para este ano de investirmos R$ 2,1 milhões no evento, mas houve contingenciamento. No mais, tiramos a montagem de camarote na Avenida Paulista, cujo valor era alto. Exceto por isso, em nada haverá diminuição do apoio para o dia da parada em si. Quanto à feira, é bom que o governo estadual também ajude a parada. No mais, mesmo com cortes, continuamos a ser o maior apoiador em dinheiro da parada."
A entrada do Governo do Estado de São Paulo com ajuda financeira para eventos relacionados à parada é inédito e foi a saída encontrada pela associação para conseguir realizar a feira. A decisão do apoio foi feita diretamente pelo governador Geraldo Alckmin.
Houve acusações ainda de, pela primeira vez em anos, o Poder Executivo local não ter assinado a autorização para uso da Avenida Paulista no início do ano. Apenas no final de abril foi dada a permissão. Melchior responsabilizou a entidade pelo atraso.
"O Termo de Ajustamento de Conduta que a parada assinou em 2014 previa realização de seminário. Só em abril a comprovação de feitura do evento foi entregue a nós. Por isso o atraso. Não podíamos conversar sobre 2015 sem antes concluir o processo do ano anterior."
Nelson Matias Pereira também questionou o apoio da prefeitura a evento cultural para a juventude LGBT na semana seguinte à parada, o qual teria os mesmos moldes da Feira Cultural. "Quer dizer, para a nossa feira, não tem dinheiro. Mas dias depois, o governo municipal vai realizar um evento similar e com estrutura idêntica. Melchior negou que o valor cedido ao ato do dia 14 seja igual ao corte feito no orçamento. "É muito menor."
O show de encerramento da parada, possivelmente a ser realizado no Vale do Anhangabaú, foi outro ponto de atrito. A prefeitura assumirá totalmente a atividade. Para Pereira, o poder público que se apropriar de atos da sociedade civil. Melchior defendeu-se dizendo que a responsabilidade direta pela realização se deve a atraso do show de 2015, aí sob gerência da associação. "O prolongamento do tempo descumpriu acordo estabelecido com a polícia e nós."