Responsável pelo primeiro beijo entre dois homens em uma novela da TV, Walcyr Carrasco encerra Eta Mundo Bom! com mais um casal gay. E no horário das seis!
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Algo inédito em novelas de época no primeiro horário de folhetins da Globo*, a trama mostrou, em seu antepenúltimo capítulo, na quarta-feira 24, o desenlace do médico Lauro (Marcelo Argenta) e do alfaiate Tobias (Cleiton Morais).
Na sequência, Lauro marca com a namorada Emma (Maria Zilda Bethlem) um encontro na confeitaria com o propósito de lhe pedir a mão em casamento. Antes de entrar no local, o médico ouve do alfaiate: "Um homem da sua idade já deveria estar casado, pela sociedade. Tome coragem, vá até lá e faça o pedido". Ao que o outro responde: "Eu tenho coragem. Mais do que você pensa".
Lá dentro, Lauro diz a Emma que não a pedirá em casamento. "Serei franco. Eu não posso lhe pedir. Eu não sou um homem como os outros, entende?". A empresária o questiona se ele tem um amor. O médico abaixa a cabeça dando a entender que sim e ela pega em sua mão e diz: "Eu entendo muito bem, Lauro. É o amor que não se ousa dizer o nome", fazendo referência à frase do escritor Oscar Wilde, condenado por ser homossexual no final do século 19. Lauro concorda: "Exatamente".
Do lado de fora, Tobias pergunta se o médico fez o pedido e ouve dele: "Eu não podia. Seria uma mentira". Sorridente, o alfaiate disse que admira a coragem de Lauro, coloca a mão em seu ombro e comenta: "Vamos para casa. Vou te preparar um belo jantar".
Para quem acompanha a trama de Walcyr com atenção, o final feliz gay dos personagens não é uma surpresa. Para conquistar o amado, Emma foi várias vezes em sua casa preparar jantares, mas quem cozinhava era Tobias. Quando a farsa foi revelada, o médico dirigiu olhares de encantamento ao jovem. Em outras duas ocasiões depois dessa sequência, houve diálogos dúbios que mostrava um interesse amoroso entre os personagens.
Todos os méritos ao autor que soube como colocar a homossexualidade em um horário considerado "para crianças e senhorinhas" e em uma história que se passa numa época onde quase todos estavam no armário e eram invisíveis para a sociedade.
Assista a sequência no site GShow clicando aqui.
* Nota: Sete Vidas (2015) contou com um casal gay na reta final, mas era uma trama contemporânea. Já Joia Rara (2013) tentou emplacar um casal gay, mas antes que eles se formassem, o público o rejeitou e as autoras, Thelma Guedes e Duca Rachid, optaram por um final a três (que incluia uma mulher no meio), algo a la João Emanuel Carneiro, bastante confuso.