Salão de Arte Homoerótica


Iniciativa do espaço cultural independente Vórtice, o 1º Salão de Arte Homoerótica reúne seis artistas que têm em comum o universo gay apresentado com enfoques em sensualidade, transgressão, violência e desejo na masculinidade contemporânea.

Com curadoria de Paulo Cibella, que também participa da mostra, fazem parte do Salão os artistas brasileiros Daniel Jaen, Hanz Ronald, Helton Aversa Gutierrez, Paulo Cibella e Paulo Jorge Gonçalves e o mexicano Félix D'Eon.

A arte homoerótica faz parte daquele universo de objetos que não ganham imediata adesão dos espectadores, seja através da ótica estética, política ou moral. Ela retrata assuntos incômodos à grande audiência por tratar de temas de gênero e sensualidade, colocando o corpo masculino, no caso, como lugar de desejo e gozo, e também como representação social e política. 

Daniel Jaen
Investigar do corpo e questionar a imagem do homem na sociedade atual são os pontos fortes das pinturas de Daniel Jaen, brasileiro radicado em Londres. As pinceladas dinâmicas e fragmentadas invocam a fragilidade e a sensibilidade masculinas, alcançando dimensões psicológicas e emocionais.

O artista coloca sua própria sexualidade em jogo e diz estar "criando novas visões do homem neste mundo abrupto". O artista brasileiro vive e trabalha em Londres.

Felix D'Eon
"Procuro modelos das diferentes comunidades que represento, e peço permissão para contar suas histórias e pintar suas fantasias". O traço retrô das ilustrações do mexicano Felix D'eon é uma espécie de isca que leva o observador a questões urgentes da arte contemporânea, como raça, gênero e ancestralidade.

A subversão de estilos antigos apresenta uma visão autoral de amor e sensibilidade queer, que engloba suas tradições mestiças, brancas, latinas e americanas nativas. O artista vive e trabalha na Cidade do México.

Hanz Ronald
Visceralidade e sensibilidade são opostos que se atraem na obra de Hanz Ronald. A transgressão é marca forte das atuais pinturas onde o ânus figura como espaço político. Ainda que posicione o corpo como paisagem, o artista escancara o que não se quer ver.

O prazer erótico é a questão a ser vista, debatida e sentida, principalmente. Ronald continua sua viagem rumo às entranhas, ao núcleo do homem contemporâneo. Natural de Ribeirão Preto, atualmente vive e trabalha em São Paulo.

Helton Aversa Gutierrez
"Penso que o afeto entre homens é delicioso e é papel do artista refletir os momentos, os tempos, os amores, os deleites e a humanidade". O corpo é sujeito e objeto, é sensível e marcado por relações socioculturais e políticas.

É o próprio corpo do artista que se revela em fotoperformances, que vão além do erotismo e se prolongam na fragmentação do homem pós-moderno. Sensibilidade e sensualidade também andam juntas em pinturas, aquarelas, objetos, bordados e costuras. Vive e trabalha em Piracicaba, interior de São Paulo.

Paulo Cibella
"Apresento momentos únicos e espontâneos que geram imagens reveladoras, com recortes corajosos e por vezes perturbadores". As fotografias apresentadas por Paulo Cibella são instantâneos da pandemia e do isolamento forçado. Fetiches e pulsões antes controlados pelo olhar da convivência coletiva, emergem visceralmente em orgias por toda metrópole.

Em polaroids documentais, o artista relata, entre outras coisas, urofagia e fisting. A isto somam-se retículas que capturam o exibicionismo na internet. Vive e trabalha em São Paulo.

Paulo Jorge Gonçalves
"Pinto e escrevo palavras aparentemente meigas, mas que são ácidas quando digeridas nas entrelinhas de um Brasil homofóbico". Prostituição masculina, violência, homofobia e pornografia são temas pesados que ganham uma aparente leveza através de bordados, que o artista cria a partir de imagens da internet. O artista vive e trabalha no Rio de Janeiro.

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