Após 27 anos em funcionamento, um dos bares gays mais antigos de São Paulo fechou as portas.
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No sábado 20, foi a última noite do Director's Gourmet, o único remanescente da região que já foi a mais colorida da cidade.
Comandado pelas irmãs Adriana e Daniela Siqueira, o Gourmet - como era conhecido - foi aberto em 1990 e, apesar da crise pela qual passa o País, não encerrou as atividades por esse motivo.
"O bar estava indo bem, tinha seus altos e baixos, claro, mas não foi isso, não", contou Adriana à Veja São Paulo. "Tentamos passar o ponto, mas tá complicado, ninguém tem dinheiro. Além disso, o bar é muito atrelado à imagem de nós duas." A proprietária disse estar cansada.
A proximidade com os frequentadores era tanta que ambas foram madrinhas de muitos casamentos que nasceram ali. "No bar, já tivemos amores, desamores, encontros, desencontros, casamentos, descasamentos…", brincou Adriana.
Na segunda metade dos anos 1990 os quarteirões entre as alamedas Itu e Tietê (com a Franca, onde ficava o Gourmet, no recheio) e entre a Avenida Rebouças e a Rua da Consolação eram o destino certo do agito LGBT da cidade.
Clubbers, drag queens, gays comportados, jovens, quarentões e cinquentões, vários subgrupos da comunidade se encontravam ali. Massivo, Latino, Allegro, Paparazzi e Ultralounge foram alguns dos endereços icônicos que funcionaram na região, dentre outras duas dezenas de lugares.
No início dos 2000, a especulação imobiliária e a reclamação constante dos moradores que se incomodavam com o som das conversas nas ruas ajudaram a afastar os bares e clubes. Na segunda metade da década passada, o Gourmet já estava sozinho e o agito "descolado" da cidade migrou para o Baixo Augusta.
De acordo com a reportagem, na próxima semana, o bar estará aberto - entre 17h e 22h - para vender o mobiliário da casa - a decoração era toda inspirada no cinema. Até um pôster de Volver (2006) autografado pelo diretor Pedro Almodóvar poderá ser adquirido.