Garcia Lorca é o foco de 'Marica' que toca em intolerância a gays

Texto argentino foi traduzido e é interpretado pelo ator Washington Luiz

Publicado em 02/10/2014
Washington Luiz interpreta Garcia Lorca em 'Marica'. Foto: Laercio Luz

Os últimos instantes de vida do poeta e dramaturgo Federico Garcia Lorca são o foco de Marica, espetáculo que estreia nesta sexta-feira 03, no Teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo. 

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Escrita pelo argentino Pepe Cibrían, a peça fez, em 2012, uma temporada de sucesso de crítica e público (com direito a prêmios) em Buenos Aires, e ganha primeira montagem no País.  

Marica é praticamente um projeto pessoal do ator Washington Luiz. Em pesquisas sobre Lorca, ele descobriu o espetáculo argentino e comprou os direitos. Ele mesmo traduziu o texto e viu uma montagem especial da peça este ano.

Em conversa com o Guia Gay São Paulo, Luiz conta que o espetáculo passou por 12 versões até chegar ao resultado final. "Ele [Pepe] fez o texto com uma dose extremamente poética, tinha a sonoridade do idioma. Tive de burilar muito para chegar a algo próximo".

O intérprete, que está sozinho em cena, chamou o conceituado diretor Marcio Aurélio (Senhorita Else, Agreste, dentre outros), com quem já havia trabalhado na Companhia Razões Inversas, para dirigi-lo. O processo de ensaios perpassou os últimos seis meses.

Com uma morte controversa, Lorca teria sido assassinado por motivações políticas e também homofóbicas. Seu biógrafo, Ian Gibson, afirmou que o suposto assassino do artista, no dia de seu fuzilamento, teria se gabado num bar dizendo "eu matei esse marica com dois tiros no cu". Vem daí o título do espetáculo.

Homossexual ainda dentro do armário, o autor de clássicos do teatro como A Casa de Bernarda Alba (1936), teria tido um intenso relacionamento com o pintor Salvador Dali. A peça, entretanto, não fala apenas de Lorca, mas, também, de valores da humanidade. 

"A história do Federico é um monte para algo maior", explica Washington Luiz. O ator define o espetáculo como "uma homenagem por todos os sacrificados por ser ou pensar diferente". Marica parte da questão homossexual, mas se propõe a "tratar de identidade, da necessidade de tolerância entre os homens", diz Luiz.

Por causa do tema e até do título, a peça teve dificuldade em encontrar patrocinadores. O ator reverencia o Teatro Sérgio Cardoso, que junto à sociedade que o mantém, financiou parte do projeto. Marica fica em cartaz de sexta a domingo, até 26 de outubro. Mais informações, você tem em nossa Agenda.

 

  


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