Espetáculo do artista potyguara Juão Nyn narra a trajetória de Tybyra, indígena gay que foi a primeira vítima de homofobia no Brasil.
Entre 1613 e 1614, Tybyra foi morto por soldados franceses, preso à boca de um canhão, após ser acusado de sodomia.
A história do indígena foi registrada no livro Viagem ao Norte do Brasil – Feita nos Anos de 1613 a 1614, de Frei Yves D’Évreux e transmitida oralmente em diversos territórios indígenas.
Foi o antropólogo e decano do movimento LGBT no Brasil Luiz Mott quem o nomeou Tybyra, termo derivado de "tebiró", que significa "homossexual passivo".
O dramaturgo Juão Nyn relata que, ao descobrir essa história, sentiu a necessidade urgente de criar uma obra a partir dela. Sua pesquisa revelou detalhes ainda mais chocantes, como o fato de a identidade do indígena assassinado ser desconhecida, enquanto o nome do responsável por acender o canhão, Caruatapirã, foi registrado.
Diante disso, Nyn decidiu adicionar uma camada narrativa à peça, transformando o algoz em irmão de Tybyra, numa referência à história bíblica de Caim e Abel. O autor explica que gosta de se apropriar de mitologias cristãs para subverter o imaginário, especialmente pelo fato de o cristianismo ter se apropriado de diversas histórias pagãs.
Idealização, dramaturgia e atuação: Juão Nyn. Direção: Renato Carrera. Trilha sonora original: Clara Potiguara. Direção de movimento e preparação corporal: Castilho. Assistência de direção: Jessica Marcele. Concepção de cenário: Juão Nyn e Zé Valdir Albuquerque. Confecção de cenário: Zé Valdir Albuquerque. Figurino, adereços e grafismo: Mara Carvalho. Desenho de luz: Matheus Brant. Desenho de som: Jhow Flor. Produção musical: Nelson D. Videomaker e projeção mapeada: Flávio Alziro Msilva. Captação de vídeos: Flávio Alziro Msilva e GO Sound Productions. Consultoria de vídeo-projeção: Flávio Barollo. Comunicação visual e design gráfico: Leo Akio. Visagismo: Edgard Pimenta. Assistência de maquiagem: Júpiter Trama. Manto Tupi: use.agemó. Criação do calçado: Lucas Regal. Costuras: Lucidalva Silva Souza e Oscarina. Contrarregragem: Zé Valdir Albuquerque. Técnica e operação de som: Naomi Nega Preta. Assistência e operação de luz: Juliana Jesus. Consultoria e tradução para tupi-potiguara: Romildo Araújo. Voz em off: Flavio Francciulli. Fotos divulgação: Matheus José Maria. Assessoria de imprensa: Canal Aberto – Márcia Marques, Daniele Valério e Flávia Fontes. Produção geral: Tati Caltabiano. 70 minutos.