Julho marca uma revolução na luta contra o vírus HIV e a aids no Brasil. A razão está na chegada às farmácias de teste rápido. Simples assim: da mesma forma que você compra shampoo ou uma pasta dental, você poderá colocar na sacola um exame e, ao chegar em casa, fazer o procedimento que revelará sua soropositividade ou não.
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A possibilidade dessa compra, já liberada há anos em muitos países, assusta alguns agentes de saúde. Receber sozinho o diagnóstico positivo pode perturbar muitas pessoas. Algo que não é novo no sistema privado de exames laboratoriais.
Entretanto, a Organização Mundial da Saúde (OMS) aplaude a medida, pois é fundamental que todas as pessoas que fazem algum tipo de sexo inseguro submetam-se ao teste e passem a tomar o tratamento. Essa massificação contribuirá para que o mundo possa, em 2030, dar fim à essa epidemia.
Além dos cerca dos R$ 70 para comprar o autoteste, a coragem de dar um pequeno furo no dedo e a espera por 20 minutos pelo resultado, há dicas que podem lhe ajudar a superar receios e varrer dúvidas para que você cuide de sua saúde. Isso independemente do resultado.
Veja 5 dicas que reunimos com a ajuda do grupo Pela Vidda do Rio de Janeiro, uma das mais importantes entidades de atuação em HIV/aids no Brasil.
1 - Sim, tem de fazer
Fez sexo oral sem preservativo? Rolou penetração (como ativo ou passivo) sem camisinha? Engoliu esperma? Basta uma única vez de uma dessas situações para que haja risco sério de você ter se infectado por HIV. Portanto, é preciso você se testar.
Esqueça a frase "prefiro saber só quando eu ficar doente". A explicação é cristalina: descobrir ao ter sintomas avançados dificulta muito o tratamento e pode ser fatal. O melhor é saber o quanto antes.
Sim, ser positivo ao HIV é um baque, mas o tratamento hoje é muito avançado. Pior que ser positivo é não saber sua sorologia. A dúvida te impede de cuidar da sua saúde.
2 - Resultado positivo não é sentença de morte
Veio o positivo? Respire e saiba: os remédios usados estão cada vez melhores e com menos efeitos, desde que você inicie logo o tratamento. No mais, as pesquisas em busca de novos e melhores tratamentos são feitas em vários lugares do mundo.
E há mais: a comunidade cientifica mundial está cada vez mais otimista em relação à descoberta da cura para o HIV.
Quer realmente saber de uma sentença de morte? Evitar se testar para o HIV e esperar os sintomas aparecerem. Isso sim é o que deveria lhe dar medo. Muito medo!
3 - Teste antes da transa não te protege
Comum no meio gay nos EUA, há uns anos, surubas em que todos se testavam na entrada. Quem tivesse resultado negativo, dava-se a liberdade de fazer sexo sem proteção. Bom, ficavam os votos para que a transa fosse boa, porque a ideia é péssima!
Primeiramente porque o teste só consegue identificar transmissões 30 dias antes do exame. Portanto, se uma pessoa se infectou há 20 dias, 10 dias, ela terá resultado negativo, mas transmite o vírus HIV mesmo assim.
No mais, ei, já ouviu falar em gonorréia, sífilis, HPV, hepatites...? Pois é! Adianta o parceiro ser negativo para HIV e ter alguma dessas doenças?
4 - O teste é o primeiro passo de muitos
Se o resultado deu reagente, é cabeça erguida para você se cuidar! Antes de mais nada: você precisa fazer um exame confirmatório!
Para tal, procure o Sistema Único de Saúde (SUS) ou um médico do seu plano de saúde. A partir daí você terá acesso ao tratamento, cujas drogas são gratuitas (o Brasil é um dos poucos no mundo a fazer isso).
Saiba também que em ONGs de HIV/Aids há série de serviços e encaminhamentos para serviços sociais para quem tem o vírus.
Dentre muitos passos, um para não ser dado é a consulta ao Doutor Google. A ONG Pela Vidda - RJ alerta que na rede há muitas informações equivocadas e distorcidas. Procure um profissional. E ponto!
5 - Precisar fazer o teste sempre mostra um grande erro
O autoteste, assim como qualquer exame de HIV, é necessário sempre que você fizer algum tipo de sexo desprotegido (oral ou anal, por exemplo).
Entretanto, se a cada 15, 30 dias, seis meses você precisa fazer teste, isso mostra que você se coloca em risco de infectar-se. E isso não é o ideal!
A busca deve ser você não fazer sexo desprotegido, e aí, não precisar do teste.
No mais, você não precisa esperar pacientemente os 30 dias da chamada janela imunológica para aí submeter-se ao teste.
No sistema público de saúde existe a Profilaxia Pós-Exposição (PEP), que deve ser iniciada em até 72 horas após o sexo desprotegido.
E, muito em breve, o Sistema Único de Saúde também vai disponibilizar a Profilaxia Pré-Exposição (Prep), que, por meio de um comprimido diário, protege contra a infecção futura pelo vírus.