Aos 25 anos, a advogada Isa Penna tem como força maior de sua luta - e agora de sua candidatura à vereança em São Paulo - a representatividade das mulheres na política e nos espaços públicos.
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Dona do número 50.000 na urna, o que demonstra ser aposta forte do partido para conseguir uma vaga na Câmara Municipal, Isa é bissexual e tem projeto no qual o poder público assume tarefas domésticas para possibilitar que as mulheres tenham mais tempo para o lazer e para atuar na política.
Por que ser candidata a vereadora?
Vivemos em uma sociedade extremamente desigual e opressora, que traz sofrimento todos os dias para a população mais pobre, especialmente para as mulheres, LGBTs e a negritude. É a vontade de transformar esta realidade que fez eu me engajar primeiramente no movimento estudantil e em seguida no movimento feminista e outros movimentos sociais.
Ser candidata partiu da leitura de que a luta que travamos todos os dias nas ruas se fortalece quando temos parlamentares alinhados com ela. É necessário que as mulheres, a comunidade LGBT e a juventude ocupem todos os espaços da sociedade, inclusive as câmaras de vereadores, e estejam construindo cotidianamente seus mandatos para nossos direitos sejam conquistados.
Creio que não podemos ver a luta nas ruas e as eleições como coisas opostas, mas ser candidata só faz sentido se for para fortalecer os movimentos sociais, sem esperanças de que ser parlamentar deslocada destes movimentos possa fazer alguma mudança significativa para a população.
Por que escolheu o Psol?
O Psol, em minha visão, é o único partido hoje que consegue ter influência nacional sem rifar os direitos sociais ligadas a população mais pobre e aos setores oprimidos da sociedade. Por isso milito nele há mais de 6 anos. A representatividade das mulheres na política é algo importante, porém esta representatividade deve estar alinhada com um projeto político que tenha como meta acabar com o machismo em nossa sociedade.
O Psol consegue hoje buscar implementar esta representatividade, dando espaço para campanhas como a minha, e ao mesmo tempo, ter um projeto de sociedade comprometido seriamente com a luta feminista, anti-lgbtfóbica e anti-racista, fazendo com que todas nossas propostas políticas considere estas questões, e por isso decidi me filiar e construir cotidianamente este partido.
Quais são sua principais bandeiras?
O combate à violência contra a mulher; a responsabilização por parte do Estado pelos serviços domésticos - a partir de restaurantes comunitários e lavanderias coletivas - e acabar com a falta de vagas em creches, por exemplo - para gerar mais tempo para as mulheres terem lazer, descanso e participar da polítca; a desmilitarização da GCM; o apoio a cultura periférica e o passe livre no transportes.
Como tema central da campanha criei o “PL SP Pras Minas”, que visa criar um Fundo Municipal de Combate à Violência contra as Mulheres, vinculado à Secretaria da Mulher, que teria como função ampliar a rede de acolhimento para as mulheres vítimas de violência e desvincular esta rede da secretaria de assistência social, fazer campanhas preventivas de combate ao machismo e à lgbtfobia, e fazer formação com os servidores públicos municipais a partir de uma perspectiva de gênero.
Quais têm sido as maiores dificuldades na campanha?
É muito difícil ser uma mulher jovem e querer ser candidata. Somos cotidianamente vítimas de assédios machistas e isso está sendo a principal dificuldade na campanha. Nas ruas, as pessoas te julgam por sua aparência e desconsideram suas propostas políticas, não te enxergando como uma pessoa política que tem propostas concretas para criar uma cidade de direitos e igualitária para todos e todas.
Porém, ao mesmo tempo que isso é uma dificuldade, me fortalece. Desde o começo sabia que sofreria situações como essas e foi justamente para combater esta visão que decidi ser candidata. Então, sentir na pele algumas atitudes me incentiva a continuar na luta e a trazer mais pessoas para este projeto junto comigo.